Marília e região

Educação especial cresce 127% em Marília em menos de uma década

Caminhada de conscientização do autismo reuniu diversas pessoas no Centro de Marília (Foto: Divulgação)

O número de estudantes da educação especial em Marília mais do que dobrou nos últimos nove anos, segundo dados do Censo Escolar 2024, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em 2015, eram 732 alunos matriculados nessa modalidade de ensino; em 2024, o número chegou a 1.665 — um crescimento de 127,4%.

A educação especial é voltada para estudantes com deficiências, transtornos do desenvolvimento e também para aqueles com altas habilidades ou superdotação. Dos 1.665 alunos atendidos neste ano, 1.438 estão incluídos em classes comuns do ensino regular, enquanto 227 estudam em classes especiais.

Esse crescimento expressivo também pode ser observado na divisão por redes de ensino. Na rede municipal, o número de estudantes da educação especial passou de 202, em 2015, para 675 em 2024 — um aumento de 234,7%.

Já na rede estadual, o salto foi de 236 para 541 matrículas no mesmo período, um avanço de 129,2%. Na rede privada, o número subiu de 294 para 449 alunos, registrando um crescimento de 52,7%.

Os dados mostram um crescimento constante ano a ano:

  • 2015 – 732 alunos
  • 2016 – 817
  • 2017 – 864
  • 2018 – 927
  • 2019 – 980
  • 2020 – 1.031
  • 2021 – 1.068
  • 2022 – 1.284
  • 2023 – 1.455
  • 2024 – 1.665
Neuropsicóloga Cintia Silva acredita que pessoas estão mais informadas e profissionais mais capacitados (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo a neuropsicóloga Cintia Silva, o aumento no número de crianças é multifatorial, pois não há um único motivo. Ela destacou que os profissionais estão mais capacitados, graças à maior oferta de estudos sobre o tema.

“Aqueles sujeitos que antigamente eram taxados de preguiçosos, que tinham dificuldades na escola… Eles levavam a vida aos trancos e barrancos. Eles sobreviviam. Hoje, com essa formação dos profissionais, a gente consegue fazer uma identificação. Quando eu falo sobre isso, eu tô falando do TDAH — o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Existiam queixas, e essas crianças levavam rótulos, mas ninguém se preocupava em entender o funcionamento delas”, contou a neuropsicóloga.

Cintia também explicou que as famílias estão mais conscientes e informadas, observando o comportamento dos filhos e buscando ajuda especializada.

“As famílias começaram a buscar informações. Elas passam por neuropsicólogos, fazem avaliação. Hoje, a gente consegue fazer avaliação neuropsicológica de crianças desde os dois anos. Então, já conseguimos trabalhar com questões de intervenção precoce. Antes, ouvíamos muito aquela frase de que cada criança tem seu tempo. Porém, os médicos estão se atualizando, e cada criança pode ter um ritmo, mas não podemos mais admitir que profissionais da saúde usem isso como justificativa”, afirmou Cintia Silva.

Atualmente, 86,4% dos estudantes com deficiência ou transtornos do desenvolvimento estão em salas comuns. Em 2015, esse percentual era de 67,5%.

No total, Marília contabiliza 50.865 matrículas em 2024, sendo 48.410 no ensino regular. A educação infantil conta com 12.398 estudantes (6.361 em creches e 6.037 na pré-escola); o ensino fundamental reúne 26.980 alunos (14.887 nos anos iniciais e 12.093 nos anos finais); e o ensino médio soma 9.032 matriculados. Além disso, a cidade tem 1.991 estudantes no ensino profissionalizante e 1.074 na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A distribuição por rede mostra que 18.834 alunos estão matriculados na rede municipal (37% do total), 17.809 na rede estadual (35%) e 14.213 na rede privada (28%).

Cilmara Piza, secretária da Educação, revelou projetos para autistas na rede municipal em Marília (Foto: Divulgação)

A secretária municipal da Educação de Marília, Cilmara Piza, considerou que havia uma grande subnotificação nos casos de transtornos do neurodesenvolvimento antigamente, além de outras possibilidades que atualmente estão sendo estudadas para chegar nos motivos do aumento de autistas e outras crianças neurodivergentes.

“Não temos ainda uma causa única, mas temos a possibilidade de diversas hipóteses que estão sendo investigadas. O que sabemos é que, quanto mais cedo o diagnóstico e o processo de intervenção, com procedimentos multidiscipliniares, melhor a situação de qualquer deficiência ou transtorno. Temos um projeto de criação de uma futura clínica-escola. Além disso, está em andamento a criação de espaços em Emeis, para momentos de desregulação, que demandam um espaço mais acolhedor”, contou a secretária.

Alcyr Netto

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