Brasil e Mundo

Delação da Odebrecht põe Brasília em suspense

Empresário Marcelo Odebrecht.

Vazamentos de denúncias de executivos da empreiteira dão prévia do que está por vir, já começam a arranhar figuras do governo Temer e levam nervosismo ao meio político e aos novos ocupantes do Planalto.

Após a prisão do empresário Marcelo Odebrecht, em junho de 2015, o noticiário brasileiro foi dominado por manchetes sobre o que o episódio representava para o governo da então presidente Dilma Rousseff.

Presidente da maior empreiteira do país, ele viu seus negócios florescerem nos anos petistas no Planalto e foi um doador generoso de campanhas do partido. Falava-se então em “delação do fim do mundo”, capaz de implodir o sistema.

Mais de um ano depois, o mesmo tom agora está sendo usado em relação ao governo de Michel Temer (PMDB), que sucedeu Dilma após o processo de impeachment, conforme surgem notícias de que o acordo de delação de Odebrecht e de mais de 50 executivos da empresa estão próximas da assinatura final.

Como ocorreu em outras etapas da Lava Jato, a negociação da delação está sendo marcada por diversos vazamentos de informações preliminares entregues pelos investigados. Até agora, esses vazamentos só deram uma prévia do que está por vir, mas já foram suficientes para trazer nervosismo ao meio político e aos novos ocupantes do Planalto.

Dezenas de políticos na mira

Entre as figuras que já registram arranhões na imagem por causa dessas revelações estão homens-fortes do governo Temer, como Moreira Franco e os ministros Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, além do próprio presidente.

O vazamento mais recente, divulgado na semana passada, implicou o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB). Segundo um executivo, a empreiteira entregou 23 milhões de reais para sua campanha em 2010 por meio de uma conta na Suíça.

Mas o alcance não está restrito à cúpula do governo e partidos. Segundo o jornal O Globo, os executivos podem fornecer informações capazes de implicar 130 deputados, mais de 30 senadores, além de 20 governadores e ex-governadores de diversos partidos.

“Boa parte do que é falado nessas colaborações, e não estou falando só da Odebrecht, se refere a personagens políticos que foram ou são do governo”, afirmou nesta semana Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Em Brasília, surgiram conversas se o governo Temer vai ter chances de sobreviver a uma nova série de revelações. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, lideranças do PT e do PSDB discutem eventuais nomes que poderiam ser lançados em uma eleição indireta à Presidência.

Reportagem da revista Veja diz que um executivo afirmou que entregou 10 milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha de Temer em 2014. Ainda não se sabe se o valor envolve caixa 2, mas investigadores da Lava Jato normalmente encaram essas transações como pagamento de propina.

Superplanilha e eleições

A delação também pode esclarecer qual é o significado da superplanilha com o nome de 240 políticos de 22 partidos ao lado de valores que foi apreendida na casa de um dos diretores da empreiteira.

Ainda que a assinatura possa estar próxima, seus efeitos legais devem demorar. Após a formalização, deve começar um longo processo de depoimentos dos executivos, em que se espera que eles entreguem detalhes e provas das informações prestadas preliminarmente que levaram ao acordo. É algo que pode se arrastar por meses.

Como as delações envolvem políticos com foro privilegiado, tudo ainda deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF), que já está sobrecarregado com casos da Lava Jato. Caberá à corte homologar esses acordos.

Os efeitos políticos, no entanto, devem ser mais imediatos se a delação seguir o mesmo caminho de acordo anteriores, que provocaram turbulência assim que foram divulgados, muitos antes de qualquer julgamento ou até mesmo da formalização de um acordo – como ocorreu com a delação de operadores do Petrolão ao longo de 2015.

O xadrez político das eleições presidenciais de 2018 já sente os efeitos. Réu em três ações e alvo de diversos inquéritos, Lula cultivava uma relação de proximidade com a Odebrecht e pode ver sua situação legal ficar ainda mais complicada. Já o tucano José Serra pode perder espaço na disputa por mais uma indicação como candidato do PSDB.

Fonte: MSN

Amanda Brandão

Recent Posts

Homem morre baleado pela PM na madrugada em Marília

Um homem de 37 anos morreu após ser baleado por policiais militares na madrugada desta…

2 horas ago

Prefeitura abre processo seletivo para contratação de 100 professores

Inscrições são gratuitas e seguem até 18 de dezembro (Foto: Divulgação) A Prefeitura de Marília…

2 horas ago

Parceria entre Unimar e Prefeitura leva IA à formação de professores

Formação ofereceu conceitos, ferramentas e estratégias para docentes da rede pública (Foto: Divulgação) A Universidade…

6 horas ago

Atletas de Marília são eleitas entre as melhores do handebol paulista em 2025

Bárbara Mendes e Lorrayne Katarina são destaques da equipe adulta (Foto: Divulgação) Duas atletas do…

6 horas ago

Mostra 2025 do projeto Teatro da Cidade terá seis dias de espetáculos em Marília

Apresentações terão entrada solidária, mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível (Foto:…

6 horas ago

Bosque passa por intervenção para evitar acidentes e reforçar conservação

Ação ocorre para garantir a segurança dos visitantes (Foto: Divulgação) A Secretaria Municipal do Meio…

6 horas ago

This website uses cookies.