Corrupção e ética em todas as instâncias
O termo “corrupção” talvez seja nos dias atuais um dos vocábulos mais lidos, falados, ouvidos e comentados em todas as esferas e estratos sociais. Segundo os mais autorizados autores, o termo em questão significa, dentre outras definições, “degradação de valores morais ou dos costumes; devassidão, depravação”.
E, infelizmente, é isso que se vê nas altas rodas do poder em todas suas instâncias. O alcance da Justiça para a elucidação de tais mecanismos ainda é pífio, diante do exagerado número de escândalos que se sucedem de forma continua e que parece não ter fim.
Entretanto, tal estado de coisas merece uma fria reflexão. O grande nicho de corrupção instalado no país, são, sem dúvida alguma, os Poderes Executivo e Legislativo, a nível nacional, de onde brotam aqueles que se empenham em obter vantagens pessoais ou busca de poder, ignorando por completo as mais comezinhas regras de decência e moralidade.
Ocorre que os corruptos, aqui falando daqueles que exercem cargos eletivos, foram guindados ao posto por nós mesmos. São partículas do povo que representam e seus apaniguados são a extensão de sua vivência. Será que nós, eleitores, também somos corruptos? A corrupção desenfreada que tanto nos ofende não seria uma opção de nossa própria conduta pessoal, variando apenas nos princípios da oportunidade e do conluio? Não estaremos praticando uma “inocente corrupção” quando subornamos um funcionário público para que nossa reinvindicação seja atendida de maneira mais rápida e eficiente? Não agimos de forma imoral quando usurpamos uma vaga especial de deficiente físico?
As pequenas trapaças do dia a dia não seriam um meio de corrupção, ainda que embrionárias, mas que tendem a evoluir até serem reputadas como meio normal de comportamento? Não seria mais saudável que todos nós fizéssemos um “mea culpa” e tentássemos modificar nosso comportamento cotidiano, em benefício de todos.
Por outro lado, a ética de conduta é a antítese da corrupção. Ainda segundo os doutos, “a ética é o ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano.”
Será que alcançaríamos um dia a convivência ética que eliminaria para todo o sempre a chaga da corrupção? Claro que não, já que as condutas humanas, contaminadas pelo vírus da corrupção, existiram desde sempre e, certamente, não serão substituídas pelos limites da ética em pouco tempo.
O que fazer, então? A alteração sistemática da conduta individual, buscando afastar de nosso comportamento habitual os pequenos desvios de conduta, o respeito ao patrimônio alheio, o cumprimento de regras sociais, ainda que nos desagrade ou prejudique, são aparentemente o único caminho para a solução para nos livrar dos males da corrupção, sob pena de continuarmos a assistir a corrosão dos princípios éticos e morais, já debilitados pela fúria ensandecida daqueles que somente almejam para si dinheiro, vantagens e poder.