Marcos Boldrin, Autor em Marília Notícia https://marilianoticia.com.br/colunista/marcosboldrin/ Aqui você lê a verdade! Wed, 27 Mar 2024 12:20:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 O encanto da política: aprenda sobre liderança inspiradora https://marilianoticia.com.br/o-encanto-da-politica-aprenda-sobre-lideranca-inspiradora/ Wed, 27 Mar 2024 12:16:26 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=558986 Marília assiste ao início da dança eleitoral, com entre oito e dez pré-candidatos à prefeitura buscando sua vez diante dos holofotes políticos, conforme divulgou a imprensa local no último final de semana. Naturalmente, nascem perguntas como: quem tem chances reais? Quem é o favorito? Quem são as mariposas, somente buscando o brilho momentâneo? A principal: […]

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(Imagem: ilustração)

Marília assiste ao início da dança eleitoral, com entre oito e dez pré-candidatos à prefeitura buscando sua vez diante dos holofotes políticos, conforme divulgou a imprensa local no último final de semana.

Naturalmente, nascem perguntas como: quem tem chances reais? Quem é o favorito? Quem são as mariposas, somente buscando o brilho momentâneo? A principal: em quem votar? São interrogações ressoantes em cada esquina, em cada conversa de bar.

Por que o tema é tão fervilhante? Ora, somos seres emocionais: acreditamos em pessoas. Pessoas entalham a história na pedra do tempo, não planos, não propostas, nem partidos políticos. Seguimos gente: liderar e sermos liderados faz parte da nossa essência.

Justamente por isso, somos facilmente seduzidos por indivíduos que nos cativam com suas visões de um futuro melhor, ficamos encantados com a simpatia de homens e mulheres influenciadores e transformadores de lares, de empresas e de corporações.

A habilidade de visionar – de criar visão – transcende, vai além dos sentidos humanos tais aos do olfato, do paladar, do tato e da audição neste vibrante universo da liderança. Mira o futuro, tecendo imagens mentais poderosas sonhadas por aqueles preocupados em melhorar a vida em sociedade. Ou, para outros mais individualistas, compõe imagens ligadas aos seus objetivos e aos seus interesses pessoais.

“Que se dane o coletivo, desde que minhas necessidades sejam atendidas” – impera neste meio, buscando a garantia de um emprego, a continuidade e a prosperidade nos negócios com a máquina pública ou o acesso prioritário aos serviços de saúde, “cortando fila” ou “quebrando” o pagamento dos IPTUs atrasados.

Suspendamos os juízos de valor. Tanto para um quanto para outro, há o denominador comum: a crença fervorosa na visão e na capacidade de se deixar influenciar. Sai a apatia dos primeiros meses do ano eleitoral e entra o espírito de torcedor apaixonado, gradualmente conquistado por uma visão sedutora, poderosa e inspiradora.

Reforço: seguimos líderes, não planos, nem projetos ou partidos políticos. Acreditamos em gente. Votamos em candidatos. Esse é o poder que molda o futuro, que nos impulsiona a sonhar ainda mais alto e a acreditar ser possível o impossível.

Os candidatos à liderança municipal são os potenciais pintores do futuro em cores vibrantes, donos do dom comunicador, influenciador. Ausentes estas capacidades em algum deles, restando somente ataques e críticas destrutivas aos demais, nem perca energia: nada há ali que valha a pena.

Caso você lidere qualquer grupo de pessoas, seja uma família, uma empresa ou uma comunidade, estude os comportamentos dos eventuais líderes convictos dentre os pré-candidatos, observando erros e acertos: inteligência é aprender com a experiência alheia ao invés de sofrer na pele os efeitos de decisões equivocadas.

A capacidade de visionar e de influenciar é essencial ao exercício da liderança inspiradora, autêntica e propositiva. Sucesso. Sempre.

***

Marcos Boldrin é palestrante em liderança, coronel da reserva, ex-secretário da Administração, ex-secretário do Meio Ambiente e urbanista.

@marcosboldrin
marcosboldrin@outlook.com

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Redimir os pecados de Marília https://marilianoticia.com.br/redimir-os-pecados-de-marilia/ Fri, 08 Dec 2023 11:00:00 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=526863 Num reino tão tão distante, cresci: transparentes como são transparentes as terras civilizadas, as ruas centrais da cidade, planas ou íngremes deixavam ver os poderosos paralelepípedos, hoje ocultos sob a fina e frágil manta asfáltica. A imagem virou tema nacional de tão potente: Marília foi retratada como ‘Hacrera’, aglomerado urbano em rápido crescimento no velho […]

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Estreia do filme ‘Um Novo Lar’ (Foto: Divulgação)

Num reino tão tão distante, cresci: transparentes como são transparentes as terras civilizadas, as ruas centrais da cidade, planas ou íngremes deixavam ver os poderosos paralelepípedos, hoje ocultos sob a fina e frágil manta asfáltica. A imagem virou tema nacional de tão potente: Marília foi retratada como ‘Hacrera’, aglomerado urbano em rápido crescimento no velho oeste paulista, onde se desenvolve o romance “A Ladeira Da Memória”, lançado em 1950 e escrito por José Geraldo Vieira, renomado escritor da época e dos mais prestigiados tradutores brasileiros.

Está tudo lá, descrito pra todo Brasil ver e se apaixonar: a rua São Luís e proximidades, com seu comércio pulsante; a Vila São Miguel, berço da nossa vocação industrial, pilar de nossa economia; a vibração e a nascente pujança financeira das agências bancárias da avenida Sampaio Vidal, elegantemente adornada pelo imponente hotel São Bento e pelo acolhedor Cine Marília – nosso “Cinema Paradiso” -, famoso por centralizar os Festivais Nacionais de Cinema dos anos 1960, onde foram entregues as estatuetas do prêmio “Curumim” – pai do atual “Kikito” gaúcho – a cineastas históricos tais a Hector Babenco, Nelson Pereira dos Santos, Sérgio Ricardo, Arnaldo Jabor, Tizuka Yamasaki, Hugo Carvana e Joaquim Pedro de Andrade.

O avesso de hoje: de lá pra cá, crescemos e nos transformamos. Transformar é ótimo quando fortalece músculos e espíritos.

No entanto, a realidade atual da vida pública local crava suas presas amargas no próprio estômago: a cidade menina, musa da alta paulista, flerta perigosamente com influências corruptoras a lhe seduzirem à profissão de andarilha das sombras. Intelectualmente está mal alimentada e se encontra aprisionada a correntes em esquinas esquecidas na periferia do mundo.

Tentam apagar a luz do encanto.

Mas, surge uma outra luz: recentemente e de volta à cidade após prolongado sabático, recebi o convite para participar da estreia de “Um Novo Lar”, delicado filme construído por dedicada equipe mariliense, exibido na última quinta-feira (30), em uma imensa sala de cinema repleta de gente interessada por mudanças positivas.

Prestígio cirúrgico, como convém a eventos de sucesso desprovidos de impactos políticos: vereadores locais Élio Ajeka e Danilo da Saúde, além do prefeito e do secretário de Turismo de Pedrinhas Paulista, respectivamente, Freddie Costa Nicolau e Tiago Ricardo – localidade onde se ambienta a narrativa. Muitos empresários independentes.

O Núcleo Audiovisual (NAV) de Marília e região é que teve a iniciativa do curta-metragem. Ilha de excelência mantida por gente abnegada, restauradora da importância da cidade e combatente em reposicioná-la no lugar devido da história. Como? Cumprindo suas missões: democratizar a sétima arte a todos e tornar Marília um polo cinematográfico.

Semente viçosa se em terras certas: potencial industrial. Agora, cinematográfico.

Somadas, as forças vivas da sociedade podem apoiar treinamentos e educação, investindo em programas específicos e qualificando talentos; patrocinar eventos e festivais, de forma a ampliar a visibilidade e a atrair produtores e entusiastas da sétima arte, semeando redes de oportunidades colaborativas e de parcerias; criar ecossistema completo industrial, incluindo e promovendo o turismo cinematográfico como parte da agenda estratégica municipal, além de captar visitantes interessados no tema e locadores de filmes; estimular a produção de filmes por talentos locais; agilizar permissões de filmagens no município, atividade burocrática e complexa em outros locais e nicho a ser desenvolvido para atrair mais e mais produções.

O Núcleo Audiovisual (NAV) mostrou a que veio e do que é feito: de gente cumpridora do seu papel, em nada obrigada a transformar a cidade, mas compromissada a transfigurá-la pela criação artística. Com apoio, tudo muda.

A arte, ao lado da religião, purga-nos dos pecados e abre a perspectiva de um novo alvorecer. A sétima arte, manifesta em luz e tela, é memória e a memória é o canto eterno da saudade, das coisas boas vividas e do que deve ser restaurado, readaptado e implantado sob novos paradigmas, inclusive incorporando novas tecnologias como o irreversível emprego da inteligência artificial.

Talvez novos ventos soprem e rocem abençoadamente a face de Marília. O purgatório pode existir e estar bem aqui, entre nós.

Hora de começarmos a redimir os pecados de nossa cidade.

Sucesso. Sempre.

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Marcos Boldrin é ex-secretário do Meio Ambiente, ex-secretário da Administração, urbanista, palestrante e coronel da reserva.

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Exclusivo: realismo mágico em Marília https://marilianoticia.com.br/exclusivo-realismo-magico-em-marilia/ Wed, 16 Aug 2023 19:50:59 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=497944 Na tarde da última sexta-feira (11), Marília viveu momentos dignos de enredos surreais. Forças naturais impressionaram os moradores e os observadores da cidade e da região, engolindo tudo em meio a nuvens escuras e rajadas de areia. Por outro lado, forças humanas, políticas quase ofuscaram tamanho fenômeno. Imbróglio alcançou o sistema judiciário sobre se haveria […]

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Na tarde da última sexta-feira (11), Marília viveu momentos dignos de enredos surreais.

Forças naturais impressionaram os moradores e os observadores da cidade e da região, engolindo tudo em meio a nuvens escuras e rajadas de areia.

Por outro lado, forças humanas, políticas quase ofuscaram tamanho fenômeno. Imbróglio alcançou o sistema judiciário sobre se haveria ou não a suspensão de evento solene em homenagem ao “Dia do Advogado”. O motivo: em tese, “rixa política” entre o presidente da Câmara dos Vereadores e um dos homenageados, assessor do Executivo municipal, conforme informado na matéria do MN.

Ficamos menores quando instituições oficiais se consomem e deixam o cidadão de lado até se resolverem.

Assim é no universo do realismo fantástico: enredos mirabolantes pela falta de sentido e com fatos político-sociais, misturados a fenômenos naturais escatológicos, cujo palco são cidades provincianas imaginárias. Ficção tipicamente hispano-americana do século passado, em ambientes fortemente repressivos.

“Saramandaia”, telenovela escrita por Dias Gomes em 1976, é uma delas. Mistura elementos fantásticos e realistas na fictícia e pequena cidade pernambucana de Bole-Bole.

Personagens excêntricos passeiam por este mundo alternativo: o homem que soltava fogo pelo nariz quando estava com raiva; outro, que virava lobisomem nas noites de lua cheia; ou a mulher que, de tanto comer, explodiu; outra, que queimava tudo e todos que tocava. Isso sem esquecer de João Gibão, homem comum a esconder uma corcunda que depois revelou-se asas de pássaros: transformado pela habilidade de voar, tornou-se símbolo desafiante de temas amplos como os da liberdade, da autodescoberta, da resistência, da transformação pessoal e social.

O mesmo acontece com a própria cidade: embates político-institucionais somam-se a mudanças dramáticas entre os habitantes, diante de seus próprios medos e de seus próprios preconceitos.

Outra pérola criativa do mesmo autor foi “O Bem-Amado”, em 1973.

Nesta sátira política, mergulhamos nas águas profundas da corrupta cidade de Sucupira. Sob o comando de Odorico Paraguaçu, o prefeito fanático por obras e cemitérios, a sociedade enfrenta uma enxurrada de tramas bizarras e situações engraçadas, cômicas.

Há, ainda, o filme transformado em série: “Cine Holliúdy”. Narrada por um deficiente visual, em clara menção ao grego Homero, de Ilíada e de Odisséia, é ambientada também nos anos 1970, no fictício aglomerado urbano cearense de Pitombas. A história gira em torno do esforço de Francisgleydisson para manter o cinema funcionando, mesmo diante das dificuldades regionais, das restrições culturais impostas e da competitiva chegada da TV.

A prefeitura é central na trama, onde as dinâmicas políticas dependem exclusivamente de interesses pessoais, de negociações e de lutas pelo poder. Corrupção e conchavos frequentemente expõem ações pouco éticas, envolvendo principalmente o prefeito Olegário, sucedido pelo personagem Tiziu e, posteriormente por Dona Justina, mulher de Olegário.

Assim como “Saramandaia” e “O Bem-Amado”, Cine Holliúdy” possui elementos fantásticos e surreais usados simbolicamente para abordar questões sociais, políticas e morais, familiarmente satíricos a nós, munícipes do velho oeste paulista.

O bom-humor brasileiro ajuda-nos a tolerar o burlesco e o inexplicável, sublimando o real.

Marília, por sua vez, segue sua marcha silenciosa rumo às grandes: ferve latente em criatividade, inovação e cultura. Destaca-se como referência na produção de alimentos, verdadeira potência ressoante em todos os cantos do país e, agora, no mundo, com as 2 gigantes internacionais instaladas.

Aproveitemos, portanto, para alçar voos ainda mais altos: deixemos para trás Bole-Bole, Sucupira e Pitombas e miremos a qualidade de Paris, de Singapura ou de Talín, a tecnológica capital estoniana.

No caminho rumo aos 100 anos, precisamos planejar a “Marília Centenária: cidade de nível classe mundial”. É, sim, possível: temos farta diversidade, vitalidade e riqueza cultural.

Cidades deste gabarito são assim. E carecem de mais.

Precisam de economia robusta, com cena cultural efervescente e vibrante – para além de museus e cinemas, também teatros de qualidade, galerias de arte, restaurantes de renome internacional, festivais e eventos culturais – e uma infraestrutura de fazer inveja, incluindo mobilidade eficiente, redes de comunicação avançadas, instalações de saúde modernas e serviços públicos confiáveis.

Alianças com instituições de ensino de prestígio internacional, centros de liderança tecnológica inovadores e colaborativos, consorciados a empresas e a instituições acadêmicas.

Visualize Marília como um farol de sustentabilidade, ambientalmente responsável. Ultrapassando os padrões globais, com centros de comércio internacional, de finanças e de diplomacia, permitindo acesso mais fácil a redes globais de influência e oportunidades. Isso atrai organizações internacionais, como embaixadas, sedes de empresas multinacionais e organizações sociais, aumentando o status global de uma cidade.

Principalmente: cidades de classe mundial são humanizadas, são diversificadas e são inclusivas, acolhendo ainda mais pessoas de diferentes origens culturais, étnicas e religiosas. Diversidade contribui para um ambiente convergente, criativo e globalizado. Sinônimo de alta qualidade de vida, complementada com excelentes serviços públicos, com mobilidade focada no pedestre, com espaços verdes para lazer, com segurança e com oportunidades recreativas.

Para este próximo capítulo da saga, precisamos de condutores, líderes essencialmente humanos e autenticamente estadistas.

Inexiste espaço para Odoricos Paraguaçus, Olegários, Tizius e Justinas.

Respiremos o novo.

Sucesso. Sempre.

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Marcos Boldrin é ex-secretário do Meio Ambiente, ex-secretário da Administração, urbanista, palestrante e coronel da reserva.

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‘CDHU’ da Zona Sul: crônica de um desastre anunciado https://marilianoticia.com.br/cdhu-da-zona-sul-cronica-de-um-desastre-anunciado/ Fri, 11 Aug 2023 10:00:00 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=496042 O título faz referência ao do livro de ficção “Crônica de uma Morte Anunciada”, no qual o escritor colombiano Gabriel García Márquez narra o assassinato do protagonista Santiago Nasar. A história subliminar, nas entrelinhas, é: qual motivo levou a cidade inteira a deixar que o crime ocorresse, sem tentativas sérias de salvar a vítima? Recentemente […]

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O título faz referência ao do livro de ficção “Crônica de uma Morte Anunciada”, no qual o escritor colombiano Gabriel García Márquez narra o assassinato do protagonista Santiago Nasar.

A história subliminar, nas entrelinhas, é: qual motivo levou a cidade inteira a deixar que o crime ocorresse, sem tentativas sérias de salvar a vítima?

Recentemente presenciamos desastres no litoral paulista que mataram dezenas de pessoas.

Neste ano, Marília está sendo notícia: riscos de desabamento no Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira (CHPLN) na zona Sul da cidade; divergências de conservação entre blocos em novo relatório do CDHU sustenta “que anomalias só foram encontradas em prédios que não teriam recebido ações de manutenção por condôminos”, e; “Mulher de 55 anos morre em incêndio no CDHU, encontrada já desacordada em seu apartamento, localizado no terceiro andar do bloco F1”.

Enquanto debate-se nos tribunais, a corrida é contra o relógio. A segurança dos moradores dos 880 apartamentos é responsabilidade nossa, de toda a cidade: olhar com compaixão e com empatia é revelar valores e responsabilidade solidária.

Ou a tragédia tatuará na carne mariliense manchetes negativas nacionais e internacionais.

Podemos, sim, fazer a diferença. Com olhar humanista, gestores públicos, técnicos e cidadãos devem se unir e elaborar arranjos eficazes visando a qualidade de vida destas pessoas.

Assim, a primeira solução, mais simplista, mais conservadora e menos criativa, é a de recuperar estruturas prediais ou de demolir os edifícios afetados parcial ou inteiramente, reformando-os ou os reconstruindo.

Nesse caso, é essencial desenvolver um plano sensível e eficiente, compreendendo o problema em sua totalidade, analisando minimamente as estruturas prediais, as infraestruturas, a acessibilidade e a segurança. Estudos e pesquisas subsidiariam justificativas e decisões – se a drástica demolição é mesmo a única solução ou se outras ações eficazes e menos impactantes poderiam ser adotadas -, sempre pelo diálogo, por consultas públicas envolvendo a comunidade afetada e buscando parcerias com os governos estadual e federal, instituições e especialistas na área de urbanismo.

Sendo necessária a radical remoção dos residentes, garantir a transição por moradias temporárias, enquanto as ações acima se desenrolem. Considerar impactos na qualidade de vida dos moradores pela análise de transporte público, de acesso a serviços básicos (educação, saúde, segurança), da proximidade de áreas de comércio e de lazer, além das condições de habitação (como ventilação, iluminação e privacidade).

Gera adesão da população às autoridades criar uma central de informações e, sendo possível, porta-vozes responsáveis por comunicação competente e confiável sobre a resolução dos problemas enfrentados pelos moradores, coleta e respostas rápidas diante de eventuais incertezas e fragilidades. Todos passam a acreditar na empreitada e a apoiar, criando círculo virtuoso.

Identificar os recursos financeiros disponíveis, tanto para realizar as obras quanto para manter o condomínio. Mais: o sucesso pleno é treinar moradores e prepará-los para administrar, motivando-os a atuarem como síndicos e zeladores bons e qualificados. Apenas os reconduzir e esperar por uma gestão condominial espontânea – inexistente até hoje – é, como diz o provérbio popular, loucura: querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual.

Com todas as informações em mãos, criar e divulgar cronogramas etapa por etapa. Datas e prazos projetados para demolir construções condenadas, para melhorar áreas comuns, para construir novas moradias temporárias e permanentes, para criar espaços de convivência, verdes e de lazer, bem como implementar serviços essenciais, como água, internet, energia e transporte.

Durante todo o processo, revisar constantemente a disponibilidade de recursos humanos e de materiais e alterar a legislação urbanística com apoio da Casa Legislativa, quando necessário.

Urbanistas contemporâneos criticam conjuntos habitacionais como esse. Para eles, o formato tradicional falha em gerar comunidades saudáveis e vibrantes. São grandes blocos de construção, monótonos e afastados do tecido urbano, com ruas pouco movimentadas e sem atividades nas áreas comuns.

Ambientes assim são pouco atraentes para as pessoas se reunirem e se interagirem, gerando sentimento de afastamento, de alienação, prejudicando o senso de comunidade.

A cidade norte-americana de Chicago enfrentou uma série de desafios habitacionais semelhantes a esse nas décadas de 1960 e 1970. Após denúncias, as autoridades públicas repensaram as políticas habitacionais. Mudaram o foco: criaram o programa de moradias acessíveis, como o “Chicago Housing Authority” (CHA), fornecendo habitações de qualidade para famílias de baixa renda, substituindo os projetos antigos por comunidades diversificadas, integradas e mais seguras.

Economicamente, Chicago também estimulou o deslocamento de empregos e de serviços para as áreas habitacionais de baixa renda, reduzindo a distância e os custos entre locais de moradia e de trabalho, promovendo o desenvolvimento sustentável e o lazer, melhorando a qualidade de vida dos moradores e combatendo a segregação e a desigualdade habitacional.

Diante disso, há uma segunda solução: fazer mais e melhor com menos recursos e boa gestão. Não se gerencia o que não se mede e não há sucesso no que não se gerencia: daí a importância de informações, números e dados precisos para tomar decisões estratégicas. Vejamos uma possibilidade das muitas em comandar, em gerenciar bem.

Com a virada do século XXI, iniciou-se o declínio demográfico mundial: a taxa de nascimentos diminuiu e as taxas de envelhecimento e de mortes aumentaram. Resultado: como exemplo e em 2010, o governo russo planejou fechar 60 cidades porque o número de pessoas estava encolhendo e envelhecendo. Manter serviços públicos nestas localidades se tornou inviável.

Marília também viu migrar boa parte da população para condomínios periféricos em razão do recente “boom” imobiliário. A consequência: aumento dos vazios urbanos – mais terrenos e imóveis ociosos nos bairros tradicionais e central, drenando a economia local e desconsiderando a função social da moradia.

Somados as 2 análises, talvez inexista déficit habitacional municipal diante dos números populacionais decrescentes ou com pouco crescimento, além de eventual programa municipal organizado de estímulo a ocupar edificações subutilizadas.

Portanto, bases de dados confiáveis e precisas podem orientar políticas públicas.

Há exemplos? Além das norte-americanas Chicago e Nova York, há a sul-africana de Gauteng, a chinesa Shenzhen e a cidade de Surabaia, na Indonésia: programas habitacionais populares vitoriosos.

Para isso, perspectiva diferente da adotada até o momento. Os gestores públicos e os planejadores urbanos devem assumir-se tais a uma equipe bem coordenada de síndicos e zeladores, monitorando indicadores de eficiência, disparando alertas e agindo como facilitadores, não criadores ou moldadores da cidade.

Iniciativas assim são específicas dos habitantes dos aglomerados urbanos, com apoio de uma rede de estruturas físicas e administrativas asseguradas pelo prefeito e pelos vereadores.

Substituir a condição atual do Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira por espaço urbano mais orgânico, diversificado e inclusivo, onde as pessoas possam interagir e construir comunidades vibrantes e sustentáveis é oportunizar qualidade de vida e condições dignas de moradia.

A receita exige muito trabalho, diálogo e resiliência.

Sobretudo, coragem e capacidade de executar.

Sucesso. Sempre.

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Marcos Boldrin é ex-secretário do Meio Ambiente, ex-secretário da Administração, urbanista, palestrante e coronel da reserva.

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Falta d’água na cidade? Transformando a crise atual em oportunidades https://marilianoticia.com.br/falta-dagua-na-cidade-transformando-a-crise-atual-em-oportunidades/ Thu, 03 Aug 2023 10:00:00 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=493388 “Mais uma bomba do DAEM queima e bairros da zona Sul serão afetados”, pela terceira vez, e “Queima de bomba pode causar falta de água em bairros da zona Norte de Marília e regiões como Parque das Nações, Nova Almeida e Parque das Primaveras estão entre as áreas afetadas”. Na última semana, fomos impactados por […]

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Mais uma bomba do DAEM queima e bairros da zona Sul serão afetados”, pela terceira vez, e “Queima de bomba pode causar falta de água em bairros da zona Norte de Marília e regiões como Parque das Nações, Nova Almeida e Parque das Primaveras estão entre as áreas afetadas”.

Na última semana, fomos impactados por mais estas manchetes alarmantes sobre o desabastecimento de água em diferentes regiões de Marília. Bairros populosos e humildes sofrem com a falta deste recurso essencial à vida exigindo ação imediata e decisiva. Precisamos repensar e buscar soluções inteligentes e sustentáveis para garantir a segurança hídrica na cidade.

O atual modelo de abastecimento, baseado em bombear águas dos rios e lagos, transportá-las por longas distâncias até as estações de tratamento e bombeá-las novamente até o usuário final é insustentável. Além de gerar enorme pegada de carbono (emissão de gases de efeito estufa pelas atividades humanas) e de consumir quantidade significativa de energia elétrica, o processo é um absurdo ecológico, desperdiçando recursos valiosos e escassos pelos ralos e vasos sanitários.

Implantar soluções mais econômicas e ecológicas não é uma opção: é obrigação.

Dados disponíveis no site do DAEM revelam que os sistemas “Peixe”, “Cascata” e “Poços” são responsáveis por suprir toda a cidade, com vazões impressionantes. A principal fonte é subterrânea, dos aquíferos Guarani, Serra Geral e Bauru.

Há debate vivo sobre a terceirização. Importantíssimo. O farol da sensatez, por seu turno, joga luz sobre o mais relevante: garantir o acesso contínuo e sustentável a esse recurso essencial – a água. Sem ela, qualquer debate se torna irrelevante.

Felizmente, há alternativas viáveis e comprovadamente eficazes que podem ser implementadas.

Vejamos o caso recente da cidade californiana de Oceanside, no oeste norte-americano, que enfrentou grave crise hídrica. Semelhante a Marília, abastecia-se predominantemente do aquífero “Mission Basin”. O consumo constante e excessivo o esgotou. Secou.

Os gestores agiram rápido com solução revolucionária: águas residuais purificadas artificialmente. Submeteram águas cinzas (provenientes de lavagens de roupas, de louças e de banhos) e águas negras (dos vasos sanitários) a um avançado processo de tratamento, transformando-as em água potável.

Antes de torcer o nariz, saiba que os turistas e os usuários da Disneylândia consomem esta mesma água purificada sem sequer perceberem.

O segredo está na tecnologia a serviço humano. O processo, conhecido como “Pure Water Oceanside”, envolve filtragem com poros minúsculos (100.000 vezes menores que um fio de cabelo humano), osmose reversa e sistema de oxidação por luz ultravioleta e cloro. Os resultados são impressionantes: durante o auge da pandemia, sequer o vírus da Covid-19, presente nas águas residuais, era rastreável na água filtrada.

Hoje, a solução alcança mais de 200 cidades, incluindo San Diego e Orange County, fornecendo água potável de alta qualidade para mais de um milhão e meio de pessoas diariamente.

Outros aglomerados urbanos também dão passos importantes em direção à sustentabilidade hídrica. Curitiba, desde 2003, possui regras municipais que obrigam prédios comerciais a instalarem sistemas de separação de águas servidas, direcionadas a abastecer as descargas dos vasos sanitários, reduzindo significativamente o consumo de água potável.

San Francisco, por sua vez, foi pioneira ao exigir que novos edifícios comerciais reciclassem suas águas residuais no próprio local, resultando em economia de até 40%. Para comprovar a eficácia desse processo, fabricam a cerveja “Epic OneWater Brew” com água cinza purificada vinda de um condomínio residencial local.

Globalmente, Cingapura destaca-se como líder mundial em reciclagem, purificando aproximadamente 900 milhões de litros diários, 40% do total. Com metas ambiciosas, planeja elevar esse índice para 55% até 2060.

Reutilizar águas residuais é de extrema importância. De acordo com a “ONU Water”, cerca de 26% da população global, o equivalente a 2 bilhões de pessoas, ainda vivem sob escassez em todo o planeta. Se não tomadas medidas urgentes, espera-se que o número dobre até 2050.

Ações concretas, conjuntas, devem garantir a disponibilidade deste recurso vital para as gerações futuras. Os gestores públicos têm papel crucial neste processo.

Investir na educação pública é fundamental para que todos compreendam a importância de a utilizar responsavelmente. Além disso, políticas públicas que incentivem a adoção de tecnologias de tratamento e reutilização devem ser implementadas, bem como sua regulamentação.

Convencer sobre a importância de preservar fontes naturais, de proteger rios, lagos e aquíferos, é essencial à sustentabilidade, às futuras gerações. Crise hídrica não é um problema isolado: está intimamente ligada às mudanças climáticas globais.

Buscar soluções propositivas, inteligentes e compartilhadas é possibilitar a transformação da crise em oportunidades, mudando hábitos e construindo um mundo melhor para todos.

O futuro de Marília está, hoje, em nossas mãos.

Nossos herdeiros, desde já, agradecem.

Sucesso. Sempre.

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Marcos Boldrin é ex-secretário do Meio Ambiente, ex-secretário da Administração, urbanista, palestrante e coronel da reserva.

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Poderosa transformação em Marília: setor recebe investimento bilionário https://marilianoticia.com.br/poderosa-transformacao-em-marilia-setor-recebe-investimento-bilionario-b/ Tue, 25 Jul 2023 10:00:00 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=490607 Uma notícia inspiradora publicada no Marília Notícia nesta semana. No último dia 21, a Nestlé, maior empresa alimentícia do mundo, informou investir fortemente no Brasil, triplicando seus aportes em relação aos últimos quatro anos. E Marília será uma das beneficiadas. Com um montante expressivo de R$ 2,7 bilhões destinado a projetos de desenvolvimento e sustentabilidade, […]

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Uma notícia inspiradora publicada no Marília Notícia nesta semana. No último dia 21, a Nestlé, maior empresa alimentícia do mundo, informou investir fortemente no Brasil, triplicando seus aportes em relação aos últimos quatro anos. E Marília será uma das beneficiadas.

Com um montante expressivo de R$ 2,7 bilhões destinado a projetos de desenvolvimento e sustentabilidade, a cidade poderá presenciar uma verdadeira revolução ESG – estratégia de desempenho e de impacto em relação a questões Ambientais (Environmental), Sociais (Social) e de Governança (Governance).

A unidade de Marília, empregadora de cerca de 1.200 funcionários e abastecedora dos mercados nacional e internacional, deve refletir ações ESG em suas operações.

O setor alimentício é o pilar da economia mariliense: no primeiro semestre deste ano, exportamos US$ 7,6 milhões em produtos de confeitaria sem cacau, aumento de 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Produtos da indústria de bolachas e biscoitos somam US$ 3,6 milhões, avanço de 17,2%. Chocolate e outras preparações alimentícias contendo cacau alcançaram US$ 2,3 milhões, um aumento de 28,1% em relação a 2022.

Parte significativa destes novos recursos será direcionada para práticas mais sustentáveis, como a substituição do gás por novas caldeiras de biomassa e iniciativas para economia e reutilização de água e energia. Esse é um passo fundamental na transição energética e no combate aos impactos negativos causados pela urbanização acelerada.

A adoção destas iniciativas sustentáveis, portanto, podem gerar impactos positivos transformadores da realidade local.

E o que eu, você e nossa cidade ganhamos com isso? Muitos benefícios.

Ao priorizar a redução da poluição e a implementação de práticas sustentáveis, Marília se tornará mais verde e energeticamente eficiente. Estaremos contribuindo para a preservação do meio ambiente e controlando os impactos negativos decorrentes do crescimento urbano acelerado.

Investimentos em programas sociais, educacionais, de saúde e inclusão trarão mais bem-estar e igualdade para todos os cidadãos marilienses. Essas iniciativas promovem a construção de comunidades mais resilientes e coesas, melhorando a qualidade de vida de todos.

Empresas comprometidas com a abordagem ESG proporcionam empregos dignos, promovem a diversidade e impulsionam o crescimento econômico. Isso cria um círculo virtuoso de prosperidade para todos, gerando mais oportunidades de crescimento para cada cidadão.

Para isso, a gestão pública municipal precisa se transformar: elevar o patamar de governança, tornando-se ainda mais sólida e mais transparente, fundamento garantidor do sucesso destas iniciativas.

A estratégia é rica e diversificada em diversas cidades no Brasil e no mundo: o sistema curitibano de transporte público eficiente e integrado, com a famosa rede de ônibus biarticulados e estações-tubo, além dos parques e áreas verdes conhecidos internacionalmente (Jardim botânico, parques Tanguá, Barigui e outros); em Florianópolis, a mobilidade urbana sustentável, com investimentos em ciclovias e bicicletas compartilhadas, além do forte trabalho em ações de conscientização para a redução do uso de plásticos; Copenhague, na Dinamarca, compromissada em reduzir as emissões de carbono e por sua abordagem inovadora no planejamento urbano inteligente e verde, além do uso de energia renovável; Amsterdã, na Holanda, uma cidade circular, com ênfase na economia circular e na redução do desperdício, e; Singapura, cidade conhecida por sua abordagem eficiente em governança e gestão, líder em inovação e tecnologia, aplicando soluções inteligentes para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Com uma administração mais eficiente e prestação de contas transparente, prevenimos a corrupção e aumentamos a confiança entre os cidadãos e as autoridades.

A promoção de responsabilidade corporativa e governança sólida nos torna mais preparados para enfrentar crises e nos adapta às mudanças, garantindo a prosperidade contínua de cada um de nós. Isso nos torna mais resilientes, engajados e pertencentes à nossa terra.

Confiança atrai investimentos. Cidades comprometidas com a sustentabilidade e com a ética são vistas como locais mais estáveis e promissores para investidores conscientes. Marília ganharia destaque nos cenários nacional e internacional, trazendo mais investimentos e turismo, o que impulsionaria ainda mais nossa economia.

Adotar práticas ambientais e sustentáveis traz também benefícios financeiros reais, com redução de custos operacionais e economia de recursos, refletindo diretamente em nossos bolsos de contribuintes.

Unir líderes do setor público, empresas e cidadãos nesse esforço conjunto para criarmos um ambiente urbano mais saudável, justo e ecologicamente equilibrado é o caminho promissor para construir uma cidade mais sustentável, próspera e socialmente responsável.

Uma Marília ainda mais humanizada.

Sucesso. Sempre.

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Marcos Boldrin é ex-secretário do Meio Ambiente, ex-secretário da Administração, urbanista, palestrante e coronel da reserva.

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Camelódromo transformado: desafio em oportunidades https://marilianoticia.com.br/camelodromo-transformado-desafio-em-oportunidades/ Fri, 21 Jul 2023 10:00:00 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=489663 Solucionar o impasse do camelódromo mariliense vai muito além de remédios jurídico-administrativos. Complexa, a questão envolve aspectos sociais, econômicos e urbanísticos, com forte impacto na sobrevivência de pequenos comerciantes. Nesse contexto, é fundamental garantir o sustento desses trabalhadores e promover a ordem no espaço urbano. Um dos primeiros passos seria realocá-los gradualmente nas diversas regiões […]

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Solucionar o impasse do camelódromo mariliense vai muito além de remédios jurídico-administrativos. Complexa, a questão envolve aspectos sociais, econômicos e urbanísticos, com forte impacto na sobrevivência de pequenos comerciantes. Nesse contexto, é fundamental garantir o sustento desses trabalhadores e promover a ordem no espaço urbano.

Um dos primeiros passos seria realocá-los gradualmente nas diversas regiões da cidade, formando polos de desenvolvimento em áreas periféricas, focando em setores específicos da economia e atraindo investimentos para estas áreas, reduzindo a concentração e seus impactos negativos. Esta medida encurtaria distâncias entre residência e local de trabalho de muitos camelôs, aproximando o comércio dos consumidores, especialmente daqueles que não têm o hábito de frequentar o centro da cidade.

No campo urbanístico, é preciso planejar espaços comerciais adequados e voltados para acomodar as relações comerciais informais. Revitalizar áreas específicas da cidade oferece infraestrutura adequada para os camelôs e garante ainda mais segurança pública de qualidade ao cidadão.

Outra estratégia relevante é a de capacitar os comerciantes informais. Oferecer programas com cursos de gestão, finanças e atendimento ao cliente poderia, além de garantir maior qualidade nos serviços, estimular os camelôs a se tornarem microempreendedores individuais (MEI), possibilitando sua inserção no mercado formal.

Alinhado a isso, é imprescindível desenvolver programas e políticas públicas incentivadoras da geração de empregos formais e de oportunidades de trabalho. Isso minimizaria a dependência do comércio informal como única fonte de renda para muitas pessoas, proporcionando mais estabilidade e segurança financeira.

Opção poderosa é a de estimular a integração dos comerciantes informais junto a lojistas e a centros de compras (shoppings). Dessa forma, produtos e serviços dos camelôs poderiam ser vendidos em espaços regulares, ampliando sua visibilidade e alcance.

Impulsionar parcerias assim, com o setor privado, atraem mais clientes para esses espaços vibrantes. Como? Vejamos algumas possibilidades:

  • firmar parcerias com empresas de transporte público nos pontos terminais de ônibus nas regiões periféricas é uma oportunidade imperdível. Aproveitaria-se a alta circulação de pessoas para impulsionar o comércio popular e para transformar a realidade dos empreendedores informais;
  • eventual acordo com concessionária logística da ferrovia que corta a cidade, estimulando a implantação e o uso de modal por trem urbano ou turístico entre distritos, criando polos comerciais a cada estação de embarque e desembarque, aliado à estrutura de lazer turismo. O município paulista de Guararema é ótimo caso para análise de melhores práticas neste segmento;
  • Projetos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) para construir e administrar centros de comércio popular. Juntos, poder público e empresas especializadas nesse tipo de empreendimento criariam espaços prósperos e sustentáveis para os nossos comerciantes informais;
  • incentivos fiscais são atraentes a empresas privadas. Por eles, garantiria-se benefícios a parceiros que destinassem parte de seus espaços comerciais para abrigar camelôs e ambulantes, promovendo um comércio inclusivo e repleto de oportunidades;
  • empresas comprometidas com o desenvolvimento da nossa cidade podem também contribuir com recursos para a adequação de locais já existentes e capacitação dos camelôs: fortaleceriam suas marcas no campo da responsabilidade social corporativa;
  • requalificar áreas subutilizadas ou invadidas é transformador. Com parcerias estratégicas, semearia-se verdadeiros centros de comércio popular, gerando novas oportunidades para nossos empreendedores, revitalizando áreas urbanas;
  • valorizar a cultura local e a produção artesanal é vital ao sentimento de unidade da nossa cidade. Inserir os comerciantes informais em centros de economia criativa e espaços de economia colaborativa é uma forma de ressaltar a vocação e a identidade urbana;
  • mercados populares e, principalmente, feiras são tesouros bastante frequentados da nossa cidade. Estimular empresas a apoiarem a organização e a infraestrutura desses eventos promoveria o comércio informal de forma controlada e atraente aos consumidores.

A incorporação de espaços de comércio popular em complexos imobiliários é outra forma de parceria com segmentos privados, estratégia bem-sucedida em diversas cidades no Brasil e ao redor do mundo.
O Mercadão de São Paulo, o Saara no Rio de Janeiro e o Mercado Modelo em Salvador são exemplos brasileiros notáveis de como essa abordagem pode ser eficiente.

Ao redor do mundo, métodos semelhantes: os Mercado de Sant’Antoni e de La Boqueria em Barcelona (Espanha); a Zona Rosa na Cidade do México; o Victoria & Alfred Waterfront na Cidade do Cabo (África do Sul), além do bairro La Candelaria em Bogotá, onde foram realizadas parcerias para revitalizar áreas históricas e integrar o comércio popular a espaços modernos, ao mesmo tempo em que se preserva a identidade cultural da região.

Monitorar constantemente os impactos das mudanças propostas, avaliar os resultados e fazer ajustes conforme necessidades é indispensável para o sucesso das medidas.

Destaque-se que todas essas propostas devem ser acompanhadas de medidas de amparo social e suporte financeiro para os comerciantes afetados. Garantir oportunidades de trabalho digno e sustentável é crucial para o sucesso dessas iniciativas.

O diálogo entre a sociedade civil e representantes dos camelôs deve permear todas as fases. Incluir cria sinergia e harmonia, permitindo que as decisões sejam tomadas de forma mais democrática e mais equânime.

Resumo: a solução para o impasse do camelódromo mariliense exige um conjunto de medidas integradas, incluindo realocação gradual, capacitação dos comerciantes informais, estímulo ao emprego formal, planejamento urbano adequado e parcerias com o setor privado. Tudo isso com os devidos acompanhamento e diálogo, garantindo o bem-estar e o desenvolvimento sustentável da cidade.

Juntos, podemos transformar o desafio do camelódromo em oportunidades inovadoras e de desenvolvimento para nossa cidade.

Juntos, podemos prosperar.
Sucesso. Sempre.


Marcos Boldrin é ex-Secretário da Administração e do Meio Ambiente, Urbanista, Palestrante e Coronel da reserva

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Alerta: como prevenir a violência extrema nas escolas https://marilianoticia.com.br/alerta-como-prevenir-a-violencia-extrema-nas-escolas/ Tue, 11 Apr 2023 12:00:39 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=466572 Treze são os casos registrados de ataques às escolas brasileiras no último ano, ensanguentando as manchetes de sites e demais veículos de comunicação. A sabedoria filtrada pela história é eterna como a rocha: o micro reflete o macro, o menor ecoa o maior. Ambientes de ensino são, por excelência, espelhos das sociedades. Aprendamos com quem […]

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Treze são os casos registrados de ataques às escolas brasileiras no último ano, ensanguentando as manchetes de sites e demais veículos de comunicação.

A sabedoria filtrada pela história é eterna como a rocha: o micro reflete o macro, o menor ecoa o maior. Ambientes de ensino são, por excelência, espelhos das sociedades.

Aprendamos com quem já viveu e domine o tema: nos Estados Unidos da América e somente no ano de 2017, 30 foram os casos envolvendo tiroteios, o maior número já registrado pelo FBI em toda sua história. Muito além do nosso.

Estudo do serviço secreto americano sobre 67 casos de escolas sob ataques preventivamente desmantelados concluiu: criminosos geralmente exibem comportamentos observáveis e, quando os membros da comunidade os relatam aos atores da segurança pública, a próxima tragédia pode ser evitada.
Eis o princípio número um de como prevenir a violência extrema nas escolas.

Precisamos incentivar nossos parceiros do ambiente escolar, juntamente com nossos policiais, a confiarem e a compartilharem informações mutuamente, sempre orientados às melhores práticas do aprendizado seguro e saudável.

Quem entende de educação são os atores do palco do ensino. De segurança pública: seus policiais e técnicos. Por mais óbvia que pareçam estas frases, o despreparo, o sentimento de enxugar um iceberg com toalhas de papel e os vergalhões metálicos da sobrecarga do dia a dia fazem com que boa parcela dos gestores brasileiros desconsidere obviedades, banalidades e fundamentos.

Um bom começo é chamar ambos os personagens à mesa e lhes garantir poder na elaboração de um planejamento estratégico consistente.

A Polícia Militar paulista disponibiliza patrulheiros preparados e orientados à política pedagógica como os Programas Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e Ronda Escolar (RE): interlocutores diretos e confiáveis à comunidade escolar.

E como conduzir o planejamento? Respeitando as características próprias, individuais, tanto das edificações quanto de seus usuários. Assim, elimina-se outra limitação à prevenção da violência extrema: impor regras padronizadas.

Portanto, uma avaliação personalizada, precisa e específica de cada caso é das melhores práticas para prevenir o crime, pois permite detectar ambientes e atitudes de alunos exibidores de comportamentos desviantes observáveis à medida que se aproximam da violência.

Amparar alunos angustiados, reduzir situações indesejáveis antes da explosão em violência e defender a comunidade são seus objetivos principais.

Somente após tais participações e análises e em momentos adequados, outros segmentos e personagens (representantes de empresas de segurança privada, políticos, infratores já condenados acessíveis a entrevistas exploradoras do como e do porquê praticaram crimes semelhantes, vítimas e familiares vitimizados, imprensa etc.) contribuiriam complementarmente: um plano bem elaborado é abrangente, plural e garantidor de visibilidade a cada qual na hora e local adequados.

Atletas não chegam às olimpíadas somente com bom planejamento e bons técnicos: precisam praticar e treinar. Muito.

Logo, implantar bons planos customizados, individualizados, reavaliá-los e os corrigir é passo essencial no caminho da segurança escolar, além de simular situações reais ao menos a cada semestre, treinando exaustivamente até internalizar comportamentos positivos.

Este é o segredo do bom desempenho da sociedade estadunidense diante de situações reais: todos, alunos, operadores do ensino e da segurança, treinam… exaustivamente!

Destaco: sempre conduzido por quem entende – educadores, policiais e técnicos. Sem intermediários e interferências.

Ao contatar fonte ligada ao FBI– órgão norte-americano auxiliar de incidentes envolvendo atiradores e assassinos em massa ou em locais públicos -, obtive diversos estudos sobre o tema, a exemplo deste vídeo [clique aqui] orientador de condutas e táticas de fuga e de primeiros socorros voltados ao público: exemplo de como órgãos de segurança e sociedade constroem conhecimentos práticos.

Por aqui, diversas autoridades sinalizaram adquirir equipamentos caríssimos tais a detectores de metais, sem avaliar e traçar um planejamento estratégico adequado. Decisão economicamente preocupante: comercializa-se uma – uma só – cabine de segurança com detector de metais por aproximados R$ 30 mil.

Insuficiente para atender uma escola. Imaginemos toda rede de ensino.

Além disso, desconsidera-se a logística diária matinal entre responsáveis e educadores: para permanecerem, ao menos, 08 exaustivas horas no ambiente escolar enquanto seus pais, mães ou responsáveis trabalham, boa parte das crianças exigem cuidados especiais que necessitam de materiais, mochilas, bolsas e maletas com apetrechos metálicos.

Imagine, caro leitor, o transtorno imenso quando se tem cerca de 30, 40 alunos debaixo de chuva e no mesmo horário diante da entrada escolar, aguardando sua vez na cabine de detecção.

Some-se a isso a necessidade de erguer escudos diante das garras da “indústria da in-segurança”, a saltar sobre os gestores de ensino, empurrando parafernálias tais como concertinas, trancas, muros cada vez mais altos, câmeras de monitoração e toda forma de desconfiança e desamor que houver neste momento fragilizado e apreensivo de vida.

Talvez sejam necessárias, até: só um planejamento bem feito por educadores e policiais poderá responder adequadamente.

Outra decisão divulgada é a de implantar o alarme de pânico, iniciativa que, uma vez acionado, orientaria os professores a manterem seus alunos em salas de aula para evitar eventual encontro com atirador nos corredores.

A exemplo do alarme de incêndios, o problema é a existência de outros tipos: disparado, todos devem abandonar a edificação o mais rapidamente possível, antes que morram pelos efeitos da intoxicação dos gases ou pelas chamas.

A falta de treinamento e de ouvidos condicionados a distinguir um alarme de outro pode significar uma tragédia ainda maior.

Seria mais viável se divulgassem a contratação de conhecimento, de experiência, de tirocínio de policiais inativos, adaptados ao espaço pedagógico e portando armas de menor potencial ofensivo (armas não letais), operando como controladores de acesso ou inspetores escolares.

O olhar treinado faz mais que muitos equipamentos de raio-x.

Planejar, implantar (praticar), treinar, revisar e corrigir erros. Há mais?

Sim: atitudes e comportamentos.

Resumidamente, equilibrar tais programas com as mudanças de atitudes e comportamentos dos diversos segmentos sociais podem contribuir para uma sociedade mais segura.

Exemplo: os da imprensa.

Potencializadoras de condutas e ações negativas (nos anos 1960 e 1970, ajudaram a criar o “hooliganismo”, uma subcultura violenta de jovens do sexo masculino reunidos por meio de seus laços compartilhados com um time de futebol, espetacularizando cenas de violência e as repetindo inúmeras vezes), podem ser sedutoras sacerdotisas a influenciar hábitos inibidores saudáveis (a imprensa espanhola adotou a prática de não apresentar imagens com mais de seis segundos e de não divulgar dados e imagens dos infratores da lei, bem como a de não repetir as matérias para além de um determinado número de vezes fixados pela própria categoria jornalística).

Numa sociedade composta de zumbis famintos de celebridades, inflacionar os fatos e divulgar imagens e dados dos envolvidos pode ser, pois, parte do crime.

Lembremos: escolas são templos dinâmicos, vivos, erguidos ao culto da liberdade de ideias, da inclusão e do respeito mútuo – só se aprende em ambientes estimulantes e livres de preocupações.

Portanto, são locais de diversidade, de pluralidade e de diálogo por excelência.

Protegê-los é proteger nossa civilização.

Segurança pública também: é destes campos do gênio humano que a todos alcançam. Confiar em quem se preparou para servir e proteger é fundamental numa sociedade fortalecida internamente.

Hora é de pensarmos fora do riscado, da obviedade, e solucionarmos de forma mais simples, barata e eficiente.

Alunos não são reféns. Nem devem ter a capacidade de aprender aprisionada na jaula do medo cujas barras são a inércia e a má gestão.

E fique este princípio: precisamos proteger nossos templos – de conhecimento e de liberdade – da conversão em masmorras prisionais, em cárceres medievais em forma de fortalezas modernas.
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Coronel da reserva, Marcos Boldrin é urbanista e ex-secretário da Administração e do Meio Ambiente

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O surpreendente segredo revelado das plantas: e agora, veganos? https://marilianoticia.com.br/o-surpreendente-segredo-revelado-das-plantas-e-agora-veganos/ Sat, 01 Apr 2023 12:00:04 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=465111 Lei implacável da natureza: tudo que tem vida, entre céus e subsolo, consome ou fornece energia. Come ou é comido. Vírus, bactérias, parasitas e outros patógenos devoram corpos por dentro; criaturas das profundezas banqueteiam-se da sopa química que nasce das fendas oceânicas; animais vivem da energia armazenada em plantas e em outros animais. Aliás, as […]

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Lei implacável da natureza: tudo que tem vida, entre céus e subsolo, consome ou fornece energia. Come ou é comido.

Vírus, bactérias, parasitas e outros patógenos devoram corpos por dentro; criaturas das profundezas banqueteiam-se da sopa química que nasce das fendas oceânicas; animais vivem da energia armazenada em plantas e em outros animais.

Aliás, as plantas, em resumo, saboreiam a energia solar e os nutrientes sob a terra.

Tudo que chamamos de “alimento” é parte do corpo ou depósito de energia de algum outro organismo que obviamente preferiria manter para si mesmo.

As únicas exceções são os pólens das flores e as frutas.

A natureza é uma corrida armamentista: é a guerra da carne. Na verdade, da energia.

Vivemos tempos de declínio da violência pela crescente convicção de que animais não devem ser sujeitados injustificadamente à dor, ao sofrimento e à morte.

Inclusive, contamos com o ramo do direito dos animais nos dias de hoje.

Os veganos são exemplos desta nova postura, de que não se deve infligir sofrimento a um ser capaz de senti-lo: assumem o estilo de vida de acabar com toda e qualquer exploração ou crueldade contra os animais, seja para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito.

Diferentemente do que muitos pensam, não se preocupam somente em excluir os animais da suas dietas, mas também dos cosméticos que usam, das roupas que vestem, do uso para testes e para entretenimento.

Recebi do colaborador Roberto Forner Jr. a notícia de inusitada pesquisa publicada esta semana por cientistas da Universidade de Tel Aviv: plantas estressadas emitem sons semelhantes ao estouro de pipocas, em um volume semelhante ao da fala humana, mas em frequências além do alcance de audição humana e diferentes tanto em situações de normalidade quanto de esgotamento.

Intrigado, acessei a publicação, clique aqui. O áudio pode ser ouvido no meu perfil, clique aqui.

As plantas produziram menos de um clique no período de uma hora, em condições consideradas saudavelmente normais. Sob estresse, o número saltou entre 30 e 50 em um mesmo intervalo.

As informações foram analisadas e inseridas em modelos de inteligência artificial. Primeira conclusão: foi possível identificar as condições físicas (nível de desidratação e lesões) das plantas com base apenas nos sons emitidos.

Segunda: esses sons informativos também podem ser detectados por outros organismos.
Ou seja: plantas comunicam!

“Os resultados são potencialmente importantes porque outros organismos podem ter evoluído para ouvir esses sons e interpretá-los”, disse o professor Lilach Hadany, biólogo evolucionista e teórico da Universidade. “Agora estamos testando animais e plantas para ver se eles respondem.”

O trabalho abre caminho para a compreensão das plantas e terá forte impacto na indústria agrícola, além de alterar profundamente nossos comportamentos e nossas interações em relação ao meio ambiente.

Cientistas que as empregam como cobaias em testes de laboratório considerarão o fato de que elas interagem e se estressam. Fazendeiros se sensibilizarão quanto ao bem-estar dos vegetais. Nova classe de defensores e entusiastas debaterão repercussões éticas movidos pela empatia, pela razão e pela inspiração de outras revoluções por direitos difusos (como dos direitos civis, de gênero, da criança, do meio ambiente e do idoso).

Perguntas nascerão: como o mercado reagirá na tentativa de equilibrar tais direitos, mantendo-se mais eficiente, sem ser menos humano; o que fazer com a agricultura intensiva, se considerarmos que – a partir da prova de que as plantas se comunicam sob estresse – há tratamento cruel que remonta séculos do similar manejo de animais; como lidar com bilhões destas vidas – que agora sabemos infelizes – trazidas à existência para atender à demanda alimentar; como conduzir mudanças na economia e nos hábitos de consumo, encobertas até aqui pela reduzida curiosidade pela vida das plantas de produção?

Agora a você, caro vegano: como vai se comportar diante de sua restrição alimentar e de sua filosofia de vida?

#ficaadica: Shakespeare registrou que o orgulhoso homem vestido de uma autoridade momentânea, mais ignorante daquilo de que está mais certo – sua essência frágil como vidro -, usa tão fantásticos truques perante o céu que faz chorar os anjos.

Talvez a solução esteja mesmo no meio, no equilíbrio, não no radicalismo: continuemos rompendo os padrões da história – de que revoluções por direitos são feitas pela força, pelo confronto – e sigamos o debate saudável, plural e inclusivo típico dos urbanos e civilizados.

Sucesso. Sempre
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Ex-secretário do Meio Ambiente e Urbanista, Marcos Boldrin é coronel da reserva e ex-secretário da Administração

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As sábias e velhas árvores nas origens do nosso bem-estar climático https://marilianoticia.com.br/as-sabias-e-velhas-arvores-nas-origens-do-nosso-bem-estar-climatico/ Tue, 14 Mar 2023 16:18:05 +0000 https://marilianoticia.com.br/?p=462130 Inexiste cura na alma sem a crença em algum conforto metafísico, sem o vislumbre do vigoroso brilho das estrelas e sem a mansidão do balançar das árvores pelos ventos. Infelizmente, mais uma ferida se abre em uma das artérias do coração urbano: uma majestosa quaresmeira e seus mais de 50 anos de história tombaram à […]

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M ajestosa quaresmeira e seus mais de 50 anos de história tombaram à rua Coronel José Brás (Foto: Marcos Boldrin)

Inexiste cura na alma sem a crença em algum conforto metafísico, sem o vislumbre do vigoroso brilho das estrelas e sem a mansidão do balançar das árvores pelos ventos.

Infelizmente, mais uma ferida se abre em uma das artérias do coração urbano: uma majestosa quaresmeira e seus mais de 50 anos de história tombaram à rua Coronel José Brás, 239.

Pior: defronte a um edifício sob a responsabilidade do Poder Público municipal, que deveria zelar e proteger para que sequer adoecesse, tal a todos nós, cidadãos comuns.

Resta somente o fantasma cujo vulto a imagem digital não consegue captar.

Para todas as terras planetárias circundantes do umbigo mariliense, as árvores são curativos e fontes de saúde em ambientes urbanos, sendo sempre bom e necessário enfatizar alguns de seus múltiplos ganhos:

  • refrescam, oferecendo sombra, evaporando a água e reduzindo a temperatura ambiental;
  • fornecem oxigênio e retêm a contaminação pelas suas folhas;
  • retiram carbono do ar por seus ramos, troncos e raízes;
  • agarram-se ao solo e bebem dele, evitando inundações e alagamentos;
  • limpam a água antes de seu retorno aos aquíferos;
  • aumentam a biodiversidade, servindo como casa para pequenos animais, aves e outras plantas;
  • embelezam nossos passeios com suas flores e paletas de cores.

Matá-las é devastar invisivelmente as cidades tal às doenças crônicas silenciosas mal cuidadas.

Árvore tombada (Foto: Marcos Boldrin)

Já ouviu ou leu algo sobre “ilha de calor”? Trata-se daquele fenômeno climático em cidades com alto grau de urbanização, com elevada concentração de asfalto, de concreto e de vidro, aumentando a temperatura e nos deixando com aquela vontade de estarmos em verdes e refrescantes campos rurais.

Estudo realizado com dados de 93 cidades europeias estimou que 1/3 das mortes das causas atribuíveis às “ilhas de calor” poderia ser evitado se as árvores cobrissem 30% do espaço urbano.

Observe a imagem comparativa entre ruas do centro de Marília e da Vila Gomes Cardim, na capital paulista, e responda: qual cidade está mais sujeita a “ilhas de calor” venenosas à qualidade de vida de seus cidadãos?

E isso que o nosso referencial comparativo é São Paulo, considerada uma metrópole árida, de puro asfalto e concreto.

Outra pesquisa realizada nos Estados Unidos da América mostra que a visão de árvores e outros elementos paisagísticos naturais pelas janelas dos hospitais encurta o tempo de internação e melhora a recuperação dos convalescentes.

Arborizar é prática atraente, de baixa tecnologia, barata e testada pelo tempo: quanto mais maduro o indivíduo arbóreo, mais vantagens.

Os maiores e mais velhos nos proporcionam mais benefícios do que os mais jovens ou menores justamente pelo seu porte majestoso e seu grande número de folhas.

As transformações climáticas pelas quais passamos alteram os volumes de chuvas e os níveis de umidade: ter árvores maduras de 30 anos ou mais, já adaptadas, é um remédio contra os riscos climáticos e um privilégio irrenunciável.

Enquanto secretário do Meio Ambiente, ouvia invariavelmente o bordão de “que vão ser plantadas outras mais novas, mais adequadas às calçadas e em maior quantidade do que as que já havia, velhas e doentes”.

Centro de Marília pouco arborizado (Foto: Marcos Boldrin)

Há muitos aspetos desconsiderados por mentes assim, principalmente quando incluem o adjetivo “doentes” sem a avaliação de um profissional habilitado e com olhar treinado.

Fiquemos só com os culturais e humanos: perde-se os ganhos citados. Perde-se a história dos 30, 40… 50 anos de vida naquele local, das referências que simbolizam, das relações estabelecidas com as pessoas: os passeios, as conversas, a meditação, as palavras perdidas entre as folhas, as leituras. Os namoros e seus amores. Os olhares e as memórias.

Ainda contra o clichê: é melhor dez árvores maduras do que 50 jovens.

Aqueles que subestimam a nossa inteligência adoram usar números confusos tentando justificar que 50 árvores de dez anos substituem dez árvores de 50 anos.

Mentes ambientalmente conectadas e amparadas na arboricultura sabem que os números e a matemática não funcionam assim: dez árvores grandes e maduras sempre serão melhores do que 50 pequenas e jovens. Exemplo prático: as sombras de pequenas árvores não avançam largamente sobre o piso das vias, quando se é provado que as sombras de frondosas árvores nas calçadas preservam o asfalto por mais tempo dos efeitos solares.

Obviamente que, ao se plantar, deve-se considerar diversos fatores, inclusive quais os espécimes e a distância saudável de separação: ônibus não cabem em vagas de estacionamento destinadas a carros ou a motocicletas.

Mas, uma vez existentes, todo conjunto de adequações ao longo do tempo já se deu de forma que a maioria das relações está consolidada entre o espécime vegetal e o entorno.

O ambiente está equalizado.

A ideia de preservar os adultos e os vigorosos também vale para além das vias públicas: vale para obras em terrenos públicos ou privados.

Lembre-se: árvores maduras devem permanecer porque são uma certeza. O seu contrário, substituí-las pelas jovens, gera meras possibilidades: sequer sabemos se irão se aclimatar. Não vingando, cria-se uma área exposta ao sol abrasador até então inexistente à sombra da anciã.

Conservar é orar pela salvação na catequese de quem defende o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sustentável e essencial à sadia qualidade de vida.

Vila Gomes Cardim, em São Paulo, conta com área arborizada (Foto: Marcos Boldrin)

Sucesso. Sempre
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Marcos Boldrin
Ex-secretário municipal do Meio Ambiente e da Administração. Urbanista, arquiteto e coronel da reserva
@marcosboldrin
marcosboldrin@outlook.com

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