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Chuvas de fim de ano podem até derrubar prédios da CDHU, aponta laudo

Levantamento de famílias que moram no local foi feito recentemente pela Prefeitura no intuito de arrumar uma solução que a CDHU se nega a resolver (Foto: Divulgação/Arquivo)

Aguardadas para o fim de 2023 e começo de 2024, na virada do ano e das estações primavera-verão, as chuvas de fim de ano podem provocar até a queda de prédios do Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira, na zona sul de Marília.

A previsão é da engenharia da Divisão de Laudos da Secretaria de Planejamento Urbano, cujo laudo o Marília Notícia teve acesso com exclusividade. O documento foi emitido na quinta-feira (19) da semana passada.

Segundo aponta o laudo, com “alto índice pluviométrico”, os prédios “podem perder parcelas de suas estruturas que, em efeito cascata, podem terminar em causar a ruína de todo o bloco, caracterizando esses edifícios em grau de iminente ruína”.

O documento aponta “processos permanentes de degradação” e de “trincamento” potencializado por outras chuvas e pelo “alto grau de umidade por água advinda e represada na cobertura”.

Teto tem perda de reboco e concreto por infiltração permanente de água, segundo laudo (Foto: Prefeitura de Marília)

“Não se nota um programa de manutenção dos elementos danificados que possuem vazamentos, sistemas de águas pluviais, limpeza de cobertura e desobstrução de caixas de esgoto e de inspeção”, informa o laudo.

Além do risco que vem do alto, o documento identifica as consequências das chuvas ao solo do condomínio, hoje ‘rabiscado’ por trincas que favorecem a penetração da água sob as estruturas, “contribuindo para o processo de adensamento”.

Durante a vistoria, foi identificada “perda de tensão efetiva, fazendo com que diminua o volume de água e traga junto consigo, no sentido da retração, partes aderidas e ancoradas das estruturas”.

Rachaduras e trincas na base de prédios, apontados em laudo, contribuem para risco de desabamento (Foto: Prefeitura de Marília)

ANIVERSÁRIO DE ALERTA

O risco de uma tragédia no conjunto habitacional construído pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) já havia sido alertada há quase um ano por outo laudo solicitado pela Justiça de Marília.

Em sua conclusão, o perito Paulo Cesar Lapa, apontou “sistemas construtivos totalmente danificados” com “perigo iminente de desabamento”, com “riscos aos moradores e transeuntes que lá frequentam”.

“Atitudes urgentes deverão ser tomadas para os reparos, bem como procedimentos na conscientização dos moradores no que diz respeito â limpeza e manutenção de áreas comuns”, alertou o perito.

O laudo, assinado em 1º de novembro de 2022, completa um ano na próxima quarta-feira. Foi incluso em ação civil pública impetrada em 2018 pelo Ministério Público e a Defensoria Pública contra a CDHU.

FUTURO INCERTO

A Justiça de Marília interditou os ‘predinhos da CDHU’, como são conhecidos popularmente, em janeiro deste ano, mas o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) reverteu a decisão em fevereiro.

Isentas de responsabilidade, segundo voto do relator do TJ-SP, a Prefeitura e a CDHU não chegaram a um consenso em audiência de conciliação promovida em março pela Vara da Fazenda Pública de Marília.

A administração propôs auxílio-moradia e mudança dos moradores. A CDHU, por sua vez, informou a “inexistência de autorização governamental, orçamento ou verba específica para atendimento dessa demanda”, segundo consta no processo a que o MN teve acesso.

Em setembro, a Prefeitura de Marília promoveu uma força-tarefa, sob o comando da deputada estadual Dani Alonso (PL), envolvendo várias secretarias municipais, para o cadastramento das famílias que mora em situação de perigo. O último laudo cita “3.520 pessoas distribuídas em cinco condomínios”.

A ação civil pública movida pelo MP contra a CDHU foi suspensa por 60 dias no início deste mês pela Justiça de Marília para que fossem inclusos “documentos imprescindíveis à análise pericial”.

Enquanto isso, os moradores do conjunto habitacional esperam debaixo do risco de uma tragédia anunciada. A previsão meteorológica é de chuvas até domingo (29). O medo da morte tem endereço na zona sul de Marília.

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