O mariliense Pedro Lazarini trilhou um caminho profissional que o levou por São Paulo, passando pelo mercado financeiro, antes de retornar às suas raízes. Formado em Administração de Empresas, atuou como analista financeiro, trader de dólar e trabalhou com mercado futuro, derivativos e fusões e aquisições em várias instituições financeiras. Contudo, sua ligação com o ramo imobiliário precede sua própria escolha, nascendo imerso na União Imobiliária, fundada por seus pais em 1985, quatro anos antes de seu nascimento.
Sua jornada à frente da União se intensificou a partir de 2022, ao assumir o comando total após o adoecimento do pai, tornando-se sócio único em 2023 — ano marcado pelo falecimento do fundador. Sob sua gestão, a empresa vivenciou um crescimento exponencial, alavancando os resultados em mais de dez vezes e expandindo a equipe para quase 70 corretores nos últimos dois anos.
Atualmente, Pedro não se limita à gestão da União. Ele compartilha sua experiência como palestrante e mentor de proprietários de imobiliárias em todo o país, além de receber profissionais de diversas regiões na imersão “Caixa Preta”, em Marília, transformando o conhecimento da empresa em um atrativo nacional.
Sua motivação transcende o ganho financeiro, sendo movida pelo propósito de transformar vidas por meio do mercado imobiliário e cultivando um ambiente de cultura colaborativa na União, onde o sucesso coletivo beneficia a todos. O empresário recebeu a equipe do Marília Notícia para contar sua história de superação, honrando o legado de 40 anos da empresa.
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MN – O que mudou a partir do momento em que você assumiu o negócio imobiliário? Vemos a questão da internet, da inteligência artificial, das novas tecnologias. Você se aprofundou muito nessa vertente?
Pedro Lazarini – Eu falo que eu evoluí muito nos últimos dois anos por conta do modelo de educação. Me aprofundei muito no estudo, eu rodei muito atrás de mentoria, atrás de consultoria, para entender o que o mercado lá fora estava fazendo e o que eu poderia fazer aqui. Tanto que você vê o crescimento exponencial da empresa nos últimos dois anos. A gente alavancou os nossos resultados em mais de 10 vezes de 2022 para cá. Nossa empresa cresceu absurdamente. Hoje, estamos com praticamente 70 corretores. Muito disso tem a ver com o digital. Hoje, aproximadamente 40% das nossas negociações têm início no digital, chegando perto de 50%. A gente se aperfeiçoou muito e cresceu bastante. Implementamos um novo modelo de gestão muito focado em nichos, em segmentação por nicho. Temos dentro da empresa, vamos dizer assim, microempresas dentro da própria União.
MN – Como funcionam essas microempresas dentro da União?
Pedro Lazarini – Cada uma tem seu foco, cada uma tem seu nicho. Então, a gente tem um segmento só de atuação em lançamentos do Minha Casa, Minha Vida. Um segmento só de atuação em lançamentos de médio-alto padrão. Um só de imóveis prontos (mercado de terceiros) popular econômico, médio econômico. Um mercado de terceiros de alto padrão também. A gente consegue segmentar e transitar por todos esses nichos, porque Marília não é uma praça muito grande. Não conseguimos ser muito nichados. Atendemos todos os segmentos, e a forma de fazer isso foi criando braços e microempresas dentro de uma única empresa.
MN – Isso faz a diferença na qualidade do serviço?
Pedro Lazarini – Faz completamente. Essas microempresas são as maiores especialistas naquele assunto. Por exemplo, o corretor do Minha Casa, Minha Vida sabe tudo sobre financiamento imobiliário, sobre os benefícios do programa habitacional. É totalmente diferente de um corretor de alto padrão, que conhece todos os condomínios fechados, o tipo de acabamento de cada casa, as especificidades do cliente de alto padrão. O diálogo que você tem que ter com o cliente do Minha Casa, Minha Vida é diferente do diálogo com o cliente de alto padrão. Não é superior nem inferior, mas são formas diferentes de se comunicar com públicos diferentes. Criamos esses braços para ter um corretor especialista. Eu brinco que tem os corretores “pato”, que nadam, voam, andam e correm, mas não fazem nada direito. Aqui não. Aqui a gente tem corretor especialista. Aqui temos corretor águia. Aqui temos corretor tubarão. Aqui tem um corretor que sabe o que está fazendo.
MN – Queria que você falasse um pouco da sua experiência agora como palestrante e envolvido nessa área também.
Pedro Lazarini – Cara, muito louco isso. Por conta dos resultados que a gente teve e por estar envolvido nesse movimento de mentoria — como aluno muitas vezes — e pelos nossos resultados. Eu brinco que as palavras podem até falar alto, mas os resultados gritam. E a gente tem tido um resultado muito legal. Por conta desses resultados, as próprias pessoas que me ensinaram nesse período, que me ajudaram, hoje me chamam para fazer parte desse círculo de palestrantes no Brasil inteiro. Nos últimos, vamos dizer assim, no último ano, eu já rodei mais de 10 estados do Brasil palestrando: Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso. Sem contar o pessoal que vem do Brasil inteiro para fazer parte da nossa imersão, que hoje temos aqui dentro da União, e chamamos de “Caixa Preta”. Já veio gente de Rondônia, da Bahia, de Roraima, do Brasil inteiro, para conhecer a nossa operação de perto.
MN – E você tem muitos compromissos nessa área?
Pedro Lazarini – Sim, isso começou com um convite e foi crescendo. Hoje eu rodo o Brasil inteiro. Amanhã, por exemplo, eu estou em Santos. Mês que vem já tem palestra em Jundiaí. Vou palestrar em um dos maiores eventos do mercado imobiliário em dezembro, para três mil pessoas. Estive no Cúpula Summit, que foi o segundo maior evento do mercado imobiliário do Brasil, com quase quatro mil pessoas, e eu estava entre os palestrantes. É uma honra muito grande poder compartilhar a história, levar o legado da nossa família, da nossa cidade mesmo. Levar um pouco para o mercado imobiliário do que é Marília. Marília é meio que um feudo. A gente está no meio do nada. Estamos longe de São Paulo, longe de Curitiba, longe de capitais. E aqui não tem mar, não é cidade turística. Então, levar o nome da nossa cidade para frente é uma honra para mim, como palestrante do mercado imobiliário.
MN – Em cada cidade que você vai, você conhece outras pessoas e aprende também?
Pedro Lazarini – Sim, sim. Uma troca de experiência gigante. Hoje, eu comecei com esse processo de imersão, de palestra, de mentoria. Hoje eu dou mentoria para dono de imobiliária do Brasil inteiro. Duas semanas atrás, eu estava no Rio Grande do Sul, numa consultoria que dou, que faço mentoria para uma imobiliária de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Praia Grande, Uberaba, Suzano, Araçatuba.
MN – E como é ver o resultado dessas pessoas depois de começarem a te seguir?
Pedro Lazarini – É propósito de vida. A partir do momento que você começa a viver o teu propósito de vida real, que você entende que é realmente transformar e mudar a vida das pessoas através do mercado imobiliário… Deus me deu essa visão, esse dom de utilizar a minha vida como instrumento para impactar diretamente a vida das pessoas por meio do mercado imobiliário. Eu vivo uma vida plena. Porque você vê a mudança na vida das pessoas. É o que me move, é o meu motor. Não é só pela grana. A grana é consequência de tudo. A partir do momento que você vive o teu real propósito, a grana é 100% consequência.
MN – É notório que o ambiente na União é muito bom. Como você descreveria a cultura da empresa?
Pedro Lazarini – Eu falo que uma das coisas mais legais que você pode criar dentro de uma empresa é conseguir implementar um ambiente de cultura colaborativa. Apesar de a gente viver num ambiente de venda, que é aquela coisa “faca nos dentes”, conseguimos criar aqui um sistema, por conta até mesmo das nossas métricas de remuneração e metas, que incluem metas individuais e coletivas. Todo mundo se beneficia a ponto de que, quando a empresa atinge os objetivos, todos são recompensados também. A galera acaba torcendo uma pela outra, porque o sucesso do outro também impacta diretamente. Criamos esse movimento de cultura colaborativa, onde todo mundo fica feliz em estar ali dentro desse nosso ecossistema.
MN – Como você vê o momento atual do mercado imobiliário, tanto em Marília quanto no Brasil?
Pedro Lazarini – Na verdade, a gente enfrenta um momento imobiliário com taxas de juros altas. Isso é nítido. Todo mundo está vendo uma das maiores altas da Selic nos últimos 10 anos, se não a maior. Isso acaba desacelerando um pouco o mercado. Mas, por exemplo, em contrapartida, eu sempre falo que o mercado é soberano porque ele se autorregula. A partir do momento em que a demanda é um pouco menor, a oferta tende a regular o preço para se encontrar de novo. Hoje conseguimos ver imóveis com preços muito atrativos para compra. Temos visto um aquecimento grande de pessoas comprando imóveis agora, esperando o movimento próximo de uma eventual queda da taxa de juros. Porque toda vez que a taxa de juros cai, o preço dos imóveis dispara.
MN – Por que isso acontece?
Pedro Lazarini – Porque há um aumento novamente da demanda. A hora que a demanda pelo imóvel começa a subir, porque a taxa de juros cai, o preço sobe. Isso é um movimento natural da economia. A gente entende que esse é um momento muito bom de oportunidades para quem quer investir no mercado imobiliário, para aproveitar esse momento prévio a uma futura queda da taxa de juros. E para quem pensa em morar também, porque existe um movimento na economia que, fazendo um financiamento imobiliário hoje, por mais que as taxas estejam mais altas, se elas caírem mais para frente, você consegue vender ou trocar essa dívida com outros bancos. Existe essa possibilidade de fazer tipo um interveniente quitante de uma dívida com outra.
MN – Como você vê esse momento do “tarifaço” dos Estados Unidos?
Pedro Lazarini – Eu vejo que nada mais é do que o que tende a acontecer: o dólar subir cada vez mais. O dólar subindo, a gente vai ter um movimento de inflação um pouco maior. Tendo esse movimento de inflação, o que vai acontecer? Vamos ter um prolongamento desse período de taxa de juros alta, porque a única maneira de controlar a inflação é com a taxa de juros. Então, a gente vai acabar prolongando um pouco mais esse momento de juros altos. No mercado imobiliário, o que eu vejo é somente isso: um prolongamento da taxa de juros elevada, com um pouco mais de tempo dessa falta de muita liquidez, o que traz certa acomodação no preço dos imóveis.
MN – E a cidade de Marília, como você a vê hoje?
Pedro Lazarini – Marília cresceu muito nos últimos tempos. O mercado imobiliário cresceu bastante, expandiu demais. Você vê que nos últimos quatro, cinco anos houve muitos lançamentos. Mas, por exemplo, em 2025, praticamente não houve lançamentos na cidade, excluindo os produtos de programa habitacional como o Minha Casa, Minha Vida. As principais grandes construtoras da cidade não lançaram nada ainda. Elas estão em um momento em que, por conta da inflação e dos juros altos, estão mais criteriosas para lançar qualquer produto no mercado. Estão analisando muito mais antes de fazer um lançamento efetivo. As grandes construtoras, que dominam 80% do mercado, estão mais criteriosas. O que tende a acontecer é um movimento maior no mercado secundário, que é o de imóveis prontos. Temos observado esse crescimento no mercado de terceiros nos últimos tempos.
MN – E você acha que a tendência para Marília é realmente o vertical, com os prédios?
Pedro Lazarini – Eu acredito que sim. Eu falo que Marília é como se fosse uma mão. É uma cidade num platô cercada por vales. Não tem para onde crescer. Zona oeste tem vale, zona leste tem vale, zona sul tem vale, e Marília está no alto, cercada por vales. Não tem muito para onde a cidade se expandir. As cidades acabam indo para esse modelo de verticalização. Eu acho que nos próximos 10, 20 anos, Marília vai passar, sim, por uma verticalização muito forte. Hoje, Marília é uma das cidades com o maior número de condomínios fechados de casas do Estado de São Paulo. Só na região das Esmeraldas tem praticamente 20 condomínios fechados. Esses condomínios já foram lançados. Então, a galera vai acabar tendo que se concentrar. Se a cidade quiser crescer, vai ter que crescer “para cima”, porque ainda não conseguimos fazer lote beliche.
MN – Onde você acha que a cidade de Marília vai crescer mais?
Pedro Lazarini – Marília está crescendo para todos os lados e está crescendo em nichos. Você vê que, por exemplo, a zona leste da cidade, que é a região do aeroporto, tem um público diferente do crescimento que ocorre na zona norte. Existem tipos distintos de público, e Marília ainda é muito bairrista. Tem crescimento para todos os lados e para todos os públicos. Vai muito do comportamento do consumidor, de onde a pessoa prefere morar. Mas a gente vai ver Marília crescer muito ainda nos próximos tempos, se Deus quiser.
MN – Como foi lidar com os comentários das pessoas que diziam que você deveria fechar o negócio depois da morte do seu pai?
Pedro Lazarini – Depois que meu pai morreu, eu ouvi muito isso: “ele não vai conseguir”, “não é melhor parar?”, “não é melhor fechar?”, “não é melhor vender ou simplesmente fechar as portas, encerrar as atividades?”. A coisa que eu mais ouvi depois que ele faleceu foi isso. Mas tem uma coisa que eu aprendi com ele: aprendi a não ser covarde e enfrentar todas as atribuições, os problemas, as adversidades de não ter mais meu pai ao meu lado, mas de encarar a vida de frente mesmo, sem medo. Fui para frente e fiz aquilo que Deus tinha como propósito para minha vida. Eu estou muito feliz de estar conseguindo levar o nome da nossa empresa adiante e poder ter honrado toda a história que meu pai construiu em 38 anos, porque este ano a gente completou 40 anos de empresa.
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