Regional

Volume de chuva insuficiente pode gerar perda de até 75% no café

Máquina colhe café na safra de 2020, em propriedade da região de Garça (Foto: Divulgação)

O temor dos agrônomos no ano passado, com a prolongada estiagem e o estresse hídrico, se concretizou. A produção de café na safra que está prevista para começar em cerca de 30 dias na região, será frustrada por fatores climáticos. As perdas podem chegar a 75% da produção esperada.

Na cultura bianual do café, 2021 já começou com expectativa da chamada “safra baixa”, quando o resultado é menor do que no ano anterior e posterior, em função da fase da planta, que necessita de dois anos para o auge da produção.

A engenheira agrônoma Tereza Sartori, produtora rural, explica que, além do estresse hídrico de 2020, também faltou chuva nesse início de ano.

Registro de 2020, do processo de secagem do café no terreiro (Foto: Divulgação)

“Para alguns produtores, praticamente não vai ter colheita. A chuva foi pouca de janeiro a março. Ficou muito abaixo do que o café precisava”, analisa.

A própria engenheira, que costuma colher 1,2 mil sacas de café limpo em ano de safra baixa, estima que vai colher cerca de 300, uma perda 3/4 da produtividade habitual, em ano ímpar.

Para complicar a vida do produtor, o custo de produção disparou nos últimos 12 meses, com a escalada do dólar. “O café, como outras commodities, é comercializado em dólar. Mas o gasto para produzir também é em dólar, então não teve vantagem nenhuma, foi um aumento proporcional”, lamenta.

Em outubro, café em Garça precisava de umidade para recuperação e florada (Foto: Divulgação/Gustavo Guerreiro)

Tereza afirma que o preço deve aumentar, pela redução da oferta e manutenção da demanda, já que o café é a segunda bebida mais consumida no mundo. “Depois da água, é o café. O produto tem um mercado global, então, é muito dinâmico, mas diante dessa frustração de safra, que não sabemos em que proporção, o preço pode ser favorecido”, disse.

A região de Garça tem cerca de 800 produtores de café, mas o elevado custo de produção vem fazendo a cultura perder espaço para outros produtos. Especificamente nos municípios de Garça, Gália e Álvaro de Carvalho, é visível a expansão das áreas de eucalipto.

“Para quem gosta do café, da cultura do café e sabe o quanto o nosso produto agrega na economia, é motivo para se lamentar. No caso dos eucaliptos, são negócios de fora, que não geram riquezas para a região”, observa a engenheira.

Resolução publicada no Diário Oficial traz o mapa da região (Reprodução/Imprensa Oficial)

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA 

Tereza Satori foi a responsável técnica pelo projeto do Conselho dos Cafeicultores de Garça (ConGar), que obteve a Indicação Geográfica da Região. O Marília Notícia registrou a conquista no início de abril.

A região de Garça e mais 14 municípios, incluindo Marília, recebeu o título oficial de produtora de café pela Secretaria de Estado da Agricultura.

A expectativa é que a Indicação Geográfica (IG), necessária para certificações, acelere o processo que pretende agregar valor à produção. A meta é alavancar negócios e introduzir os produtores no concorrido nicho de cafés especiais.

Carlos Rodrigues

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