Marília

Usuários reclamam muito de demora no PA da zona Sul

Sala de espera lotada, pessoas doentes e familiares irritados – esse é o clima no Pronto Atendimento (PA) Sul, causado pela demora no atendimento. Através de uma publicação no Facebook, é possível observar dezenas de marilienses insatisfeitos com o serviço público.

“Uma falta de respeito com nós, a população. Uma demora pra (sic) atender pessoas com dor (sic) esperando horas pra (sic) ser atendida. Falta de respeito com os idosos”, diz um dos comentários. “Ontem fui lá fiquei 6 horas pra (sic) ser atendida”, reclama outra usuária do serviço.

Situação similar ocorreu com um estudante de 24 anos, que prefere ter a identidade preservada, ao levar a mãe – uma idosa de 65 anos – ao local. “Chegamos no sábado, por volta das 21 horas. Ela tem diabetes e pressão alta. Estava sentindo fortes dores nas costas e na região do rim. Chegou a chorar de dor”, narra o jovem.

Só para passar pela triagem, foi preciso aguardar 2h. “Foi chegando cada vez mais gente e todo mundo reclamando”, conta o estudante. “Eu mesmo contei pelo menos nove pessoas que desistiram de esperar pelo atendimento e simplesmente foram embora”, afirma.

Depois de quase 4h de espera, eles também resolveram partir, sem passar por nenhum médico.

IGUAL

No começo do mês de fevereiro, o Marília Notícia publicou reportagem que tratava sobre reclamações em relação aos atrasos durante a transição da gestão.

A Associação Beneficente Hospital Universitário (ABHU) assumiu a administração do PA Sul, conforme prevê o edital de licitação organizada pela Prefeitura de Marília.

No dia 3 de fevereiro, uma paciente relatou a espera de 5h para ser atendida. Na época, a assessoria da instituição encaminhou nota dizendo que no primeiro dia “os funcionários da ABHU acompanharam as rotinas de atendimento dos pacientes. Além disso, equipes de apoio fizeram manutenções no prédio, instalação de redes de internet e outros serviços”.

Três semanas depois, quem precisa de cuidados médicos na região da zona Sul continua enfrentando o mesmo problema.

AMEAÇAS

O sentimento de impotência diante de um familiar ou ente querido que está em sofrimento pode levar, inclusive, a ações desesperadas.

“Enquanto estávamos lá, chegou um casal e a mulher estava tão mal que o namorado dela chegou a ameaçar, dizendo que iria fazer Boletim de Ocorrência, entre outras coisas”, relata o jovem ao Marília Notícia. “Também notei uma mulher que não conseguia mexer a coluna que gritava de dor. Ela foi embora sem passar por atendimento”, completa.

Se por um lado a população está insatisfeita, os profissionais que trabalham na saúde pública também se sentem ameaçados em diversos momentos, devido à violência verbal e até física de pacientes e familiares que não aguentam mais esperar.

No ano passado, um caso chegou a ser registrado como tentativa de homicídio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona Norte. A briga que gerou a confusão maior, começou justamente por uma suposta demora no atendimento.

OUTRO LADO

O Marília Notícia contatou a assessoria de imprensa da Associação Beneficente Hospital Universitário (ABHU), que recentemente assumiu a administração do local.

Em nota, a diretora do PA da zona Sul informou “que o atendimento na unidade de saúde está seguindo os protocolos previstos pelo Ministério da Saúde, priorizando os casos considerados de urgência e emergência”.

A nota prossegue dizendo que, “como já mencionado antes, em razão disso, em alguns casos, a demora no atendimento é superior a 4h. O número de médicos na unidade é o previsto pelo edital que concedeu o serviço a ABHU”.

“Reiteramos que buscamos sempre o atendimento de excelência, como relatado por alguns dos pacientes atendidos na unidade. Cristiane Gomes Alcântara faz o seguinte depoimento: “Minha sogra, moradora do CDHU, foi parar no PA Sul duas vezes e foi transferida para Unimar. Teve atendimento humano que nunca teve no HC”. Mirianly Priscila relatou: ‘Estive lá ontem com meu pai, fomos bem atendidos, fizeram um monte de exames, deixaram em monitoramento na sala de emergência, fizeram até teste de covid sendo que ele estava com dor no peito e pressão alta, enfim não tive o que reclamar'”, finaliza o comunicado.

A Prefeitura de Marília também foi procurada para comentar se a reclamação tinha chegado à administração e informar o que diz o contrato do serviço, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.

Samantha Ciuffa

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