O filme “Gilson de Souza – Na Corda Bamba” fará sua estreia no 26º Festival Kinoarte de Cinema, em Londrina — um dos principais festivais do sul do Brasil. Filmado em Marília, o curta-metragem é inspirado na vida do mariliense Gilson de Souza, falecido em 2022, aos 78 anos.
O ator e advogado Douglas Eduardo, também mariliense, interpreta o sambista. Em entrevista ao Marília Notícia, ele falou sobre sua trajetória artística e o desafio de dar vida ao músico mais famoso da cidade.
Criado na zona sul de Marília, Douglas iniciou no teatro do Sesi, integrou a Trupe da Comédia e participou de outras produções audiovisuais antes de assumir o papel principal neste novo projeto.
Para compor o personagem, ele precisou conciliar duas facetas do homenageado — o pugilista e o sambista. Fez aulas de violão para aprender a tocar samba e treinou com o mestre Maurílio para reproduzir os movimentos de um boxeador. Segundo ele, participar do filme foi mais do que uma atuação: foi uma forma de valorizar a memória de um artista negro que levou o nome de Marília ao cenário nacional.
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MN – Primeiramente, gostaríamos de conhecer um pouco da sua experiência e trajetória.
Douglas Eduardo – Cara, que legal. Eu sou daqui de Marília mesmo, criado na zona sul, ali no Teotônio Vilela. Na minha rua tem todo tipo de artista, como o Aranha, que é MC. Comecei a fazer teatro no Sesi, depois fundei a Trupe da Comédia, o primeiro grupo de stand-up da região, lá por 2010, 2011. Fiz participações em alguns filmes como figurante e, antes de ser convidado pelo Brunno (o diretor), atuei em um curta de ficção científica chamado Pessoas Extraordinárias. Também sou advogado, formado em 2018, e tive um podcast na cidade, o DW Cast, com o Lucas, que era da Trupe. O Brunno me viu em frente à câmera e me chamou para protagonizar o Gilson de Souza.
MN – Qual foi o maior desafio para interpretar uma figura mais calada e contida como o Gilson?
Douglas Eduardo – Isso foi complicado. O Gilson brilha no palco — seja como pugilista ou como sambista —, mas, fora dele, é uma pessoa quieta, humilde e reservada. Até o jeito de falar é para dentro. Tive que fazer aula de violão para tocar o samba gravado e treinei com o mestre Maurílio para aprender a me movimentar como boxeador. Foi uma experiência incrível dar vida a um mariliense que eu admiro demais.
MN – Quanto tempo levou essa preparação para unir o sambista e o pugilista?
Douglas Eduardo – O violão levou mais tempo. Eu tocava rock e guitarra, mas samba é outro universo. Foram uns dois ou três meses até conseguir tocar direitinho. A parte do boxe foi mais rápida: umas duas aulas com o mestre Maurílio antes das gravações, além de estudar vídeos e materiais que o Brunno me mandou.
MN – Qual foi o peso e a responsabilidade de contar a história de um artista negro mariliense de tanto sucesso?
Douglas Eduardo – Interpretar o Gilson foi o peso que eu precisava. Eu gostaria que, um dia, alguém me interpretasse da melhor forma possível. Tudo o que ele viveu e representa para a cidade é muito grande — mesmo sem o reconhecimento que merece. Gilson viveu logo após a ditadura, e isso traz cargas históricas, inclusive raciais. Ele, por si só, já é o “peso pesado” da música brasileira.
MN – O filme foi rodado em locais históricos, como o Bar da Seringueira e a academia do Mestre Maurílio. Como esses espaços contribuíram para a sua performance?
Douglas Eduardo – A Seringueira parece um lugar fora do tempo, quase lúdico, e traz uma nostalgia enorme. Já a academia do Maurílio é pura história, construída ao longo dos anos. Ambos têm a mesma energia que o Gilson carregava: a vontade de honrar o passado e transformar isso em combustível para o futuro — na arte e na vida.
MN – Como foi trabalhar com o Brunno Alexandre (diretor) e o restante do elenco?
Douglas Eduardo – O Brunno é um artista completo. Ele tem uma visão muito sensível da obra e trata todo o elenco com carinho e respeito. Foi exigente quando precisava, mas me deu liberdade total para construir o personagem. A equipe toda é formada por profissionais renomados, e o clima era de acolhimento. Isso me ajudou a me entregar 100% ao papel.
MN – Qual é a expectativa para o filme nos festivais?
Douglas Eduardo – Estou empolgado como se nunca tivesse visto o filme. É uma sensação única se ver na tela do cinema. Só o fato de termos passado pela seletiva e de o curta ter sido reconhecido já é uma vitória. Representar Marília e o Gilson é uma honra.
MN – O que pode atrair a atenção dos jurados e do público no festival?
Douglas Eduardo – O filme desperta vontade de saber mais sobre o Gilson. Desde o início, dá pra sentir o carinho e a verdade na produção. É uma história real, de alguém que deu significado à própria vida com a música e colocou Marília no mapa. Tenho certeza de que quem assistir vai se emocionar.
MN – Essa homenagem pode ajudar novas gerações a conhecer e manter vivo o legado do Gilson?
Douglas Eduardo – Com certeza. Muita gente aqui em Marília não conhecia o Gilson. Depois da pré-estreia, várias pessoas vieram me dizer que não sabiam que a música cantada pelo Zeca Pagodinho tinha sido composta por um mariliense. Isso dá força e orgulho para todo artista local que busca seu espaço.
MN – Qual cena foi mais marcante durante as gravações?
Douglas Eduardo – A cena que o Brunno chama de O Pesadelo. O Gilson está entre sacos de pancadas, e o Brunno me disse: “É como se ele soubesse que essa luta vai decidir tudo”. Fizemos em uma única tomada. É o momento em que ele percebe que o ringue ficou para trás e que o caminho dele seria a música. Essa cena me marcou profundamente.
MN – Você pretende seguir na carreira artística além da advocacia?
Douglas Eduardo – Quero muito. Se pudesse, me dedicaria 100% à arte. No meu perfil, você não vê nada sobre advocacia, porque é só uma profissão — o DW ama arte. Já participei de três curtas recentes, e o diretor de Pé de Veludo, Rodrigo Grota, falou sobre me colocar como protagonista em outro. Eu e o Brunno também estamos alinhados para novos projetos. Estou sonhando com o que vem pela frente e sou muito grato a todos do projeto: o Quilombo Beija-Flor, o Nosso Quintal e o Brunno, em especial, pela oportunidade de viver o Gilson de Souza.
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