Marília

Tratamento de esgoto empolga praticantes de rapel em Marília

Praticantes de rapel estimam que 80% das cachoeiras de Marília estão poluídas (Foto: Wellington Oliveira – Índio)

O tratamento de esgoto em Marília representa um grande salto na qualidade do saneamento básico, mas as oportunidades para o desenvolvimento local não param por aí.

A possibilidade de mais cachoeiras limpas empolga os praticantes de esportes de aventura, como o rapel, e deve estimular o desenvolvimento do turismo local, com geração de empregos e impostos.

O rapel é uma técnica vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres – além de cachoeiras.

A equipe da Vertical Rapel, por exemplo, leva de cinco a dez pessoas todos os finais de semana para duas descidas de aproximadamente 50 metros na cachoeira Primeiro de Maio, localizada nas proximidades da represa Cascata e considerada totalmente limpa pelos praticantes.

Cachoeira Primeiro de Maio, na região da represa Cascata (Foto: Wellington Oliveira – Índio)

E eles não são os únicos a oferecerem os serviços, já que existe ao menos uma segunda agência que também atua no ramo de escalada nos paredões marilienses, além dos praticantes independentes.

Com a inauguração da terceira e última Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade, e a previsão de combate ao despejo clandestino de esgoto in natura nos mananciais, bem como as interligações de emissários nos próximos anos, a expectativa é de crescimento no número de clientes.

Hoje a maior parte da procura é feita por marilienses, mas também participam moradores de outras cidades da região, como Assis, Tupã e Lins. Em quatro anos já foram atendidas cerca de 2,5 mil pessoas pela equipe.

De acordo com o fotógrafo e instrutor de rapel Wellington Oliveira, o Índio, cerca de 80% das dezenas de cachoeiras existentes em Marília estão poluídas. “Nós paramos as atividades de rapel na cachoeira Três Bicas por causa dessa questão do esgoto”, afirma.

Empresa leva de cinco a dez pessoas por final de semana para a prática (Foto: Wellington Oliveira – Índio)

“Ela não tem fluxo de água tão grande e na lateral é escoado o esgoto da cidade. É um local muito bonito, preservado, tem um enorme potencial para a prática do rapel, da escalada, do trekking, mas o cheiro de esgoto é muito forte”, completa Índio.

Para ele ainda é fundamental o investimento e participação do poder público – e não só no que diz respeito ao tratamento de esgoto e interligação de tubulações até as estações.

Em sua avaliação, o Executivo e o Conselho Municipal do Turismo poderiam, por exemplo, fazer a interlocução com proprietários de terras em que se encontram muitas cachoeiras, facilitando o acesso até elas.

O educador físico e instrutor de rapel João Gustavo Franchini também avalia que a Prefeitura poderia contribuir com a abertura, criação de infraestrutura e mapeamento de trilhas que levam até as cachoeiras – muitas delas a menos de 10 quilômetros do Centro.

(Foto: Wellington Oliveira – Índio)

“Outra coisa que depende de um investimento mais substancioso é a construção de tirolesas. Poderíamos ter em Marília uma das maiores tirolesas da América Latina, com mais de mil metros de voo, na região da via expressa, onde existem cachoeiras em que ainda é despejado esgoto”, comenta João.

Outro lugar perfeito para esse tipo de infraestrutura é a serra de Avencas.  De acordo com o instrutor de rapel, as tirolesas seriam os verdadeiros carros-chefes do ecoturismo local, já que atendem a um público muito mais abrangente.

“Se melhorar a qualidade da água, consequentemente haverá um crescimento enorme no turismo de natureza e aventura. A nossa empresa prevê investimentos para ampliar o trabalho dentro do ecoturismo”, comenta João.

Para ele o potencial local é enorme e Marília ainda pode se tornar uma espécie de nova Brotas, cidade que fica distante pouco mais de 200 quilômetros e é conhecida pelo turismo de aventura.

(Foto: Wellington Oliveira – Índio)

Leonardo Moreno

Leonardo Moreno é jornalista e atualmente cursa Ciências Sociais. Vê o jornalismo de dados como uma importante ferramenta para contar histórias, analisar a sociedade e investigar o poder público e seus agentes.

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