Polícia

Civil ouve suspeitas e identifica vítima de tortura no Centro

Corpo foi localizado na área central de Marília (Foto: Daniela Casale/Marília Notícia)

A Polícia Civil identificou como Donizeti Rosa, de 60 anos, o homem encontrado morto ontem (9) com sinais de tortura.

O corpo foi localizado dentro de sacos plásticos – em meio a cobertores – em uma movimentada rua do Centro de Marília.

Na manhã desta quinta-feira (10), a Polícia Militar deteve duas mulheres suspeitas de envolvimento no assassinato. A dupla ainda prestava esclarecimentos na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) até a publicação desta reportagem. As suspeitas seriam cuidadoras do aposentado.

O delegado titular da especializada, Luís Marcelo Perpétuo Sampaio, concedeu uma entrevista coletiva e explicou que – até o momento – a polícia não conseguiu contatar familiares do idoso, cuja família seria de Gália.

“A vítima foi identificada e a gente tentou entrar em contato com familiares, mas até agora não conseguimos. O nome da vítima é Donizeti Rosa. Ele é aposentado, tem 60 anos de idade e, segundo consta, ele dispunha do serviço das suspeitas como cuidadoras dele”, afirmou.

A Polícia Civil ainda não conseguiu estabelecer a data exata da morte, mas acredita que tenha ocorrido há dez dias. O idoso era uma pessoa debilitada.

“Não tem ainda a data aproximada da morte, a gente acredita que tenha sido de uns dez dias. As causas da morte são várias. A vítima era uma pessoa debilitada”.

O delegado afirmou também que o nome Jack no saco plástico e a inscrição em mandarim provavelmente nada tinham a ver com uma possibilidade de estupro.

“A gente acredita que tenha sido casual a embalagem. As imagens mostram que elas arrastaram o corpo e lá na rua elas mexeram novamente tentando embalar. (…) Então aquela nomenclatura que tinha lá, Jack, não tem nada a ver com relação ao crime.”

Delegado Luís Marcelo Sampaio concedeu coletiva nesta quinta (Foto: Daniela Casale/Marília Notícia)

SUSPEITAS

De acordo com Sampaio, a dupla não confessou o crime e a identidade delas ainda não foi confirmada.

“Estamos investigando ainda. Há dificuldade com relação às suspeitas, em confirmar a identidade delas, mas a vítima foi identificada (…). [As mulheres] foram trazidas aqui. Havia três pinos de cocaína na bolsa de uma delas. Está sendo apurada a participação delas ainda. É prematuro. Elas negam por ora o envolvimento e terão que passar por procedimento de reconhecimento. É um trâmite para a coleta de provas. Não estão em situação flagrancial, então ainda estamos apurando”, explica.

Mesmo assim a polícia não tem dúvidas de que as duas suspeitas detidas pela PM são as mesmas que aparecem no vídeo arrastando o saco com o corpo da vítima.

“A Polícia Civil não tem dúvidas quanto a isso [de que são elas que aparecem nas imagens carregando o corpo]”, pontuou. Como o corpo estava em avançado estado de putrefação, a polícia ainda não sabe a causa da morte.

“Algumas lesões estão camufladas, por causa do estado de decomposição. Foi coletado material para exame toxicológico. Ainda não saiu o resultado oficial da causa da morte”, detalha o delegado.

Sampaio explicou que hoje pela manhã houve um chamado para a Polícia Militar, com a informação de que teria ocorrido um roubo, e supostamente as duas suspeitas teriam sido vítimas de um crime.

“Quando a Polícia Militar chegou lá, acabaram constatando que poderiam ser as suspeitas e elas foram trazidas para cá. Através das imagens de vídeo, foi confirmado”.

As duas – que são irmãs – já teriam dado três nomes diferentes para os policiais. “Vão ser planilhadas, identificadas pelo Instituto de Identificação e, aí sim, vamos poder saber da vida pregressa delas”, disse Sampaio.

Polícia Técnico-Científica e Polícia Civil no apartamento em que a vítima possivelmente foi morta por duas mulheres (Foto: Alcyr Netto/Marília Notícia)

APARTAMENTO

O Marília Notícia já tinha mostrado que ontem a polícia descobriu que a vítima provavelmente foi morta dentro do apartamento de um prédio há cerca de 20 metros do local.

Conforme o delegado, o imóvel estava limpo, entretanto conseguiram achar sangue no local.

“Ao que consta, as duas moravam lá com esse senhor. [As pessoas perguntam] o prédio, ninguém viu retirar o corpo? O problema do prédio é que moram poucas pessoas, 90% das salas, que antigamente era para comércio, estão desocupadas. Então houve dificuldade para a gente conseguir achar onde esse corpo estava. Nós sabíamos que tinha sido retirado daquele prédio, mas o apartamento exato tivemos muita dificuldade. Acabamos contando com a colaboração do administrador do condomínio e de uma ou outra pessoa que morava lá”, explicou.

A polícia também descobriu que uma pessoa com um veículo esteve no prédio, mas não quis colocar o saco com o corpo no automóvel.

“Chegou sim uma pessoa com um carro no local. Elas desceram desse carro, entraram no apartamento e desceram com o corpo. Essa pessoa não quis colocar o corpo dentro do carro e saiu logo em seguida. A gente está tentando levantar o que ele sabe disso. Também já foi identificado”, contou o delegado.

Corpo da vítima estava dentro de apartamento no segundo andar de prédio na rua Quatro de Abril e foi arrastado por duas mulheres até ser abandonado na calçada (Foto: Alcyr Netto/Marília Notícia)

RELAÇÃO VÍTIMA E SUSPEITAS

Segundo o apurado pela polícia até o momento, as suspeitas vieram de fora, a princípio de Minas Gerais. “Pelo que a gente levantou, pelo menos um ano [que elas moravam com ele]. Por ora não [há indício da participação de outras pessoas]”.

A vítima era aposentada e a polícia localizou alguns extratos bancários que indicam empréstimos somados em R$ 25 mil no nome da vítima.

“Nós localizamos lá no apartamento alguns extratos que indicam que houve empréstimos no nome dele recentemente. Pelo que a gente levantou no documento, R$ 25 mil em empréstimo consignado. São menos de 24 horas que fomos acionados, ainda tem muito para investigar. A motivação também.  Foi coletado o material para ver se o saque era feito por elas, mas ainda é muito prematuro. A motivação elas ainda não confirmaram. Pode ter sido uma série de situações, ele era debilitado. Sobre o que aconteceu lá, se elas não confirmarem, vamos ter que aguardar o laudo necroscópico para ter uma noção”, ressaltou.

Ainda conforme a polícia, fazia tempo que os moradores do prédio não viam a vítima e algumas pessoas relataram ter presenciado várias brigas entre o idoso e as mulheres.

“Ele tinha debilidades, mas o pessoal do prédio já fazia tempo que não o via. O pessoal do comércio que o conhecia assistiu várias brigas entre elas e a vítima. Discussões eram rotineiras no local, mas como eu disse, agora vai depender de uma série de exames, não é rápido. Contudo, acreditamos que o caso está esclarecido”.

PRISÃO

Como já não está mais em estado de flagrante, a polícia analisa e vai consultar o Poder Judiciário sobre um possível mandado de prisão temporária ou preventiva.

A investigação, por enquanto, descarta a participação de outras pessoas no crime. Nas bolsas das mulheres foram encontradas fita adesiva – semelhante à que foi usada para embalar o corpo – e luvas.

“Não, porque não foi detido ninguém [ouvido sobre a denúncia de roubo de hoje], somente elas, e é uma versão bastante contraditória. Não sei o que elas devem ter feito para uma pessoa ter perseguido elas. A gente acredita que não tem nada a ver com o crime, pode ter sido alguma outra situação que elas tenham criado, mas (elas) mentem muito. São bem mentirosas, frias. Negam qualquer mal contra ele, mas não têm compaixão nenhuma. A gente ainda vai prosseguir com o interrogatório, estamos colhendo outros dados”, finaliza o delegado Luís Marcelo Perpétuo Sampaio.

Veja abaixo a entrevista completa:

Daniela Casale

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