Começar novamente quase nunca é leve.
Mesmo quando a decisão nasce consciente.
Mesmo quando a mudança representa avanço.
Mesmo quando o encerramento foi necessário.
Existe um custo emocional pouco nomeado: o esforço interno exigido para reorganizar referências, expectativas e sentidos após uma ruptura.
A cultura costuma exaltar recomeços.
Fala sobre páginas em branco, novas chances, liberdade.
Ignora, porém, o intervalo anterior: o espaço provisório onde antigas estruturas deixam de existir enquanto novas formas ainda não se consolidaram.
Esse período gera desconforto.
Não porque algo esteja errado, mas porque a mente humana busca previsibilidade.
Quando referências conhecidas se dissolvem, o sistema emocional entra em alerta.
Surge fadiga, insegurança, dúvida.
Não por fragilidade, mas por adaptação.
Na prática clínica, esse fenômeno aparece após términos, transições profissionais ou redefinições identitárias relevantes.
O sofrimento não está apenas no passado encerrado, mas na ausência temporária de familiaridade.
A pergunta silenciosa raramente é “o que foi perdido?”, e sim “quem existe agora sem aquilo?”.
A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece precisão para compreender esse processo.
Pensamentos automáticos como “não conseguirei“, “repetirei erros” ou “nada funcionará” não indicam incapacidade.
Sinalizam apenas um cérebro tentando proteger-se diante do desconhecido.
Começar de novo exige energia psíquica.
Exige tolerância à incerteza.
Exige sustentação de escolhas sem garantias imediatas.
E isso pesa — inclusive quando o caminho é saudável.
Por essa razão, muitas pessoas permanecem em situações insatisfatórias.
Não por apego ao sofrimento, mas por exaustão antecipada.
A mente calcula o esforço da reconstrução e prefere manter o conhecido, ainda que desconfortável, ao custo invisível do recomeço.
Existe diferença entre resistência e esgotamento.
Resistência envolve rigidez.
Esgotamento envolve falta momentânea de recursos internos.
Reconhecer essa distinção é sinal de maturidade emocional, não de fraqueza.
Recomeços não exigem entusiasmo contínuo.
Exigem constância possível.
Exigem cuidado com expectativas irreais.
Exigem respeito ao próprio ritmo.
O peso invisível de iniciar novamente diminui quando existe elaboração.
Quando o passado é integrado, não negado.
Quando aprendizados são reconhecidos.
Quando falhas deixam de ser provas de incapacidade e passam a ser dados de experiência.
Recomeçar não significa retornar ao ponto inicial.
Significa avançar com mais consciência, mesmo carregando cansaços legítimos.
Talvez o maior equívoco seja acreditar que novos começos precisam ser leves para serem corretos.
Muitas vezes, o caminho adequado também exige esforço.
Isso não invalida a escolha.
Começar de novo pode pesar.
Em muitos casos, esse peso não indica retrocesso.
Indica apenas que algo importante está sendo construído — com responsabilidade, lucidez e maturidade emocional.
***
Vanessa Lheti é psicóloga clínica (CRP 06/160363) e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Prática Baseada em Evidências.
Os atendimentos psicológicos online podem ser agendados pelo WhatsApp (18) 99717-7571.
Mais informações podem ser obtidas no Instagram @psicovanessalheti ou pelo site.
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