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Na lista vermelha da Interpol, João Pinheiro ainda não retornou ao Brasil

João Pinheiro foi incluído na lista vermelha da Interpol (Foto: Arquivo Pessoal)

O empresário João Henrique Pinheiro, conhecido por ter sido o candidato a prefeito mais rico do Brasil nas eleições de 2024, teve seu nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol em setembro do ano passado, a pedido das autoridades da Bolívia. Embora a inserção tenha ocorrido às vésperas do pleito, a informação só veio a público recentemente.

Ele embarcou para a Europa no fim de maio deste ano e, desde então, não há registro de sua presença em território brasileiro. A ausência prolongada gerou especulações em Marília, mas nenhuma informação oficial confirma uma eventual prisão no exterior.

Pinheiro viajou no dia 26 de maio, em voo que partiu de Guarulhos com destino a Madri, na Espanha. Desde então, não há notícias de retorno ao Brasil.

Empresário João Pinheiro costuma postar fotos no aeroporto de Marília (Foto: Arquivo pessoal)

A difusão vermelha da Interpol é um pedido internacional de localização e detenção provisória de pessoas procuradas, com vistas à extradição. Funciona como uma solicitação de cooperação entre os 196 países membros da organização, permitindo que, se a pessoa for identificada, possa ser detida até que os trâmites legais sejam analisados pelo país onde se encontra.

No caso de Pinheiro, o pedido partiu da Bolívia, o que indica o interesse das autoridades bolivianas em localizá-lo. O nome dele foi inserido em um banco de dados policial internacional.

Procurado pelo Marília Notícia, o advogado Luiz Eduardo Gaio Junior afirmou não ter confirmação sobre qualquer detenção. “Não confirmo, pois não tenho essa informação por parte do meu cliente”, declarou.

O MN também solicitou informações ao Itamaraty, à Polícia Federal, a embaixadas brasileiras na Europa e à própria Interpol. Os órgãos consultados alegaram não estar autorizados a fornecer esse tipo de dado à imprensa. A reportagem do site, no entanto, confirmou tanto a inclusão de Pinheiro na difusão vermelha quanto sua viagem ao exterior.

A Procuradoria da Bolívia também foi acionada, mas ainda não respondeu aos questionamentos enviados.

Corte esclareceu que houve uma inconsistência no sistema e que ele não está detido por decisão do TJ-SP (Foto: Reprodução)

No último dia 12 de maio, o nome de Pinheiro apareceu como “réu preso” no sistema do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em resposta, a Corte informou que houve uma inconsistência no sistema e que ele não está detido por nenhuma decisão do TJ-SP.

Em território brasileiro, não há mandado de prisão em vigor contra o empresário. Em agosto de 2024, ele foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão, em regime aberto, por estelionato. A pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa equivalente a dez salários mínimos.

Na esfera cível, Pinheiro enfrentava uma decisão da Justiça de Marília que determinava a reintegração de posse de uma área de 1.575 metros quadrados no Aeroporto Frank Miloye Milenkovich, ocupada por sua empresa Sugar Brazil.

João Pinheiro em frente ao hangar da Sugar Brazil em Marília (Foto: Alcyr Netto/Marília Notícia)

A medida foi motivada por inadimplência contratual, com dívida que, até maio deste ano, somava R$ 68.309,71. O contrato havia sido rescindido em março, e a permanência da empresa no local foi classificada como esbulho possessório.

No último dia 12 de junho, a Justiça homologou um acordo firmado entre a concessionária Rede Voa, administradora do aeroporto, e João Henrique Pinheiro, diretor da empresa.

O juiz Luis Cesar Bertoncini, da 3ª Vara Cível, declarou extinto o processo de reintegração de posse, condicionando, porém, o eventual prosseguimento em caso de descumprimento do acordo.

Segundo o documento, ao qual o Marília Notícia teve acesso, a reintegração de posse permanecerá suspensa até o pagamento da dívida, agora atualizada para R$ 88,1 mil.

Carreata de João Pinheiro com carros de luxo em 2024 (Foto: Divulgação)

Até a publicação desta reportagem, o Marília Notícia não conseguiu apurar, junto às autoridades bolivianas ou à defesa de João Pinheiro, qual é a acusação formal que motivou o pedido de inclusão na lista da Interpol.

Também não houve confirmação sobre sua localização em outro país europeu após o desembarque na Espanha, nem se a defesa teve acesso ao teor da solicitação ou se o empresário manteve contato com familiares ou representantes desde a viagem.

A reportagem do Marília Notícia entrou em contato com João Henrique Pinheiro por meio do WhatsApp, no dia 9 de junho, questionando: “Em Marília estava se espalhando um boato que você estava preso. O que aconteceu?”. O número respondeu via texto: “Povo não tem o que fazer. Fica inventando história. Enquanto outros estão na luta, ficam atrás de fofocas.” Ao ser perguntado se estava em Marília, respondeu apenas: “Na próxima semana.”

Em seguida, a pedido da reportagem, enviou um áudio — aparentemente gravado previamente, por telefone ou rádio, e não diretamente no aplicativo — no qual afirmou: “Bom dia, tudo bem? Eu estou na Europa aqui agora. Esse povo o que mais gosta é de mídia em cima da vida da gente, né? Falem bem, ou falem mal, mas falem da gente. Tá bom? Obrigado pela preocupação, mas tá tudo bem aqui.”

João Pinheiro ganhou notoriedade nacional durante a campanha de 2024, quando declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio bilionário, tornando-se o candidato mais rico do Brasil.

Com helicóptero adesivado e carro conversível de luxo, ele promoveu uma campanha de alto impacto visual pelas ruas e céus de Marília. Apesar disso, obteve apenas 3.397 votos, o equivalente a 3% do total, ficando em quinto lugar na disputa vencida por Vinicius Camarinha (PSDB).

Alcyr Netto

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