Edson já participou de duas olimpíadas e se prepara para terceira (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
Com a chegada da primavera/verão no hemisfério Sul, quem está de malas prontas é o mariliense Edson Martins, de 31 anos, integrante da Delegação Brasileira de Bobsled, a ‘Fórmula 1 do gelo’.
De Marília, ele é praticamente um veterano na modalidade que, aparentemente, não teria nenhum potencial para formação de atletas no Brasil.
Martins embarca na próxima semana para os EUA, onde terá pré-temporada no vilarejo montanhoso Lake Placid, no estado de Nova York, a poucos quilômetros da fronteira com o Canadá.
Depois da pandemia, é lá que começa a jornada olímpica da equipe brasileira, em uma temporada com várias competições de alto nível pela América do Norte e Europa – que só termina no ano que vem, nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, na China.
Viajar pelo mundo hoje (e competir em um trenó) é natural. Mas quando criança, aluno da escola estadual Oracina Corrêa de Moraes, morador da “favela do Bronks”, na zona Oeste de Marília, Edson não teria acreditado se alguém anunciasse seu futuro.
O brilho olímpico é, praticamente, o roteiro de “Jamaica Abaixo de Zero” (filme de 1993, que narra a façanha da equipe jamaicana) na vida do mariliense. “Devo tudo ao esporte. Tenho hoje a oportunidade de conhecer o mundo, viver experiências fantásticas. É o meu sonho para outros garotos”, afirma.
Equipe brasileira está entre as quatro melhores do mundo em push, competição de arrancada com o trenó (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
Edson estudava na mesma sala de aula de Augusto Dutra (campeão sul-americano do salto com vara). “Na mesma escola, tinha o Tiaguinho (Thiago Braz – campeão olímpico no salto com vara). O ‘João da Barreira’ (João Vítor de Oliveira, recordista sul-americano juvenil). Era a nossa geração, crescemos juntos”, lembra.
CARREIRA
Foi a partir dos treinos de atletismo, no estádio Pedro Sola, que surgiu a oportunidade para Edson participar da seletiva para a Seleção Brasileira de Bobsled. O técnico mariliense Fabiano Gilberto viu no garoto as características compatíveis com a modalidade.
“Você tem que ter peso, mas, ao mesmo tempo, precisa velocidade, explosão. Fiz a seletiva junto com o Jadel Gregório, um cara que eu sempre fui fã. De repente, estava dividindo o quarto de hotel com ele. Eu não acreditava”, conta.
Treinamento da modalidade exige preparo completo do corpo (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
As primeiras equipes de bobsled, conta o mariliense, para atingir os 600 quilos necessários no trenó – visando a aceleração máxima – usavam pesos adicionais, já que os atletas não atingiam o suficiente.
A missão dos técnicos não era fácil. Eles tinham que encontrar jovens que acreditassem no projeto (em um Brasil de sol escaldante), com disposição para mudança de modalidade e um biotipo compatível, nada comum para quem vem do atletismo, geralmente ágeis, porém leves.
Incentivado pelos precursores do bobsled verde e amarelo, Edson Martins acreditou e conquistou espaço na equipe.
Oportunidades no mundo do esporte (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
O mariliense representou o Brasil nos Jogos de Inverno de Sóchi, na Rússia (2014), e Pyeongchang, na Coreia do Sul (2018). Agora, se prepara para sua terceira olimpíada.
Antes, porém, disputas importantes estão no calendário, como a Copa do Mundo e a Copa Europa, em países como Áustria e Suíça.
Até lá, durante a preparação, voltará a enfrentar temperaturas negativas, no “conforto gelado” de algumas das melhores pistas de bob do mundo, onde nem mesmo os jamaicanos (do filme) puderam treinar.
“A preparação é praticamente o ano inteiro, mas é bem diferente no Brasil de quando estamos nos EUA. Aqui trabalhamos mais focados na parte física, que também é muito importante, um diferencial da equipe. A parte técnica, que precisa ser feita na pista de competição mesmo, acontece mais no exterior”, conta.
BRASIL ABAIXO DE ZERO
Para reduzir essa diferença entre as condições para treinamento no país, o Clube Paulista de Desporto no Gelo, em parceira com a Prefeitura de São Caetano do Sul, trabalha para construir a primeira pista fixa de push (largada) no país.
A estrutura vai ficar no Centro de Treinamento Esportivo Mário Chekin. O local abrigava a equipe do B3 Atletismo, uma das mais importantes do Brasil. Além da pista oficial de atletismo (ideal para o bobsled), concentra também o maior centro de lutas da América Latina.
Edson e o potencial futuro piloto do Brasil, o também mariliense Gustavo Ferreira dos Santos, que está em formação (Foto: Arquivo Pessoal/Redes Sociais)
Não é exagero dizer que o Brasil já é competitivo nos trenós. O país tem se posicionado entre o terceiro e o quarto do mundo, na competição exclusiva de push. O desempenho é atribuído, justamente, à tradição brasileira no atletismo, de onde veio a maioria dos competidores da Fórmula 1 do gelo.
Aliás, esse é o sonho do mariliense do “Bronks”: dar a oportunidade para os jovens atletas – como ele – escolherem outras modalidades, ao ingressarem no fantástico mundo do esporte.
“Quem sabe em algumas décadas, depois que tudo isso que estamos fazendo virar história, seja normal para qualquer menino ou menina brasileira sonhar com o bobsled. É o que eu espero, que outros como eu possam ver seu sonho realizar”, almeja.
Parte desse meta já começa a se consolidar. Basta ver a foto (acima), de Edson com também mariliense Gustavo Ferreira dos Santos, que está em formação e têm potencial para ser o futuro piloto do trenó brasileiro. Mas aí, já é uma nova história, que começará a ser escrita, com prefácio do garoto do “Bronks” que conquistou o mundo abaixo de zero.
Lembranças de Sochi, na Rússia, sede dos jogos de 2014 (Foto: Arquivo Pessoal/Redes Sociais)
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