Marília

Idoso cego ganha senha e ‘carona’ para tomar vacina contra Covid

Seo Rubens tem 74 anos e enxerga apenas 30% com o olho direito (Foto: Carlos Rodrigues/Marília Notícia)

O apelo de um deficiente visual de 74 anos, em um programa de rádio de Marília, comoveu uma dona de casa que mora a sete quilômetros de distância. A mulher saiu de casa, pegou senha em uma unidade de saúde e levou o idoso em seu próprio carro para tomar a vacina contra a Covid-19.

Rubens Furlan Ianguas é morador no Santa Antonieta, na zona Norte. Na segunda-feira (22) ele ligou em uma emissora de rádio para reclamar da falta de acesso à vacina.

O homem tem apenas 30% da visão do olho esquerdo, não têm acesso à internet, mora sozinho e deixou de usar o transporte público depois da pandemia.

“Não tinha jeito de eu tomar a vacina. Liguei na rádio e fiz um desabafo. Me senti excluído, condenado a esse vírus que já matou pessoas conhecidas, sem possibilidade nenhuma de reagir, mesmo tendo direito à vacina. Não imaginei que ia aparecer um anjo na porta da minha casa”, contou ao Marília Notícia.

O anjo a que ele se referiu é a dona de casa Lilian Polachini, de 45 anos, que mora perto da Unidade Saúde da Família (USF) Palmital, um dos cinco locais da vacinação feita na segunda e terça-feira (23).

“Não consegui dormir direito. A voz dele não saía da minha cabeça. Hoje de manhã comentei com a minha mãe, nem estou conseguindo dirigir ainda, porque tive uma fratura no pé, mas não pensei duas vezes, liguei na unidade de saúde e na rádio. Peguei o endereço dele e fui lá”, relatou a dona de casa.

O idoso mostra o cartão de vacinação, com expectativa da segunda dose para o dia 20 de abril (Foto: Carlos Rodrigues/Marília Notícia)

Lilian percorreu os sete quilômetros até a casa do idoso para buscar os documentos dele e levar na unidade de saúde. “Ele é um homem muito simples, me deu os documentos sem nunca ter me visto. Confiou”, conta.

Com o RG em mãos, ela voltou à unidade de saúde e obteve a senha. No período da tarde, Lilian voltou até a casa de Rubens para buscá-lo. Havia chegado o momento da tão aguardada vacinação.

“Nunca tinha visto aquele homem, mas senti uma obrigação como ser humano de fazer alguma coisa. Quando deixei ele em casa, vacinado, a sensação foi de dever cumprido. Não acho que fiz nada fora do comum. Acho que todas as pessoas deviam ter empatia pelos outros”, opina.

Surpreso, mas confiante diante da promessa, Rubens espera agora o retorno de Lilian no dia 20 de abril, quando deve receber a segunda dose do imunizante.

Como anda de ônibus e busca viver com relativa independência, mesmo com 30% da visão, ele pretende voltar a São Paulo. A meta é repetir uma viagem que fez há dois anos, para visitar uma irmã.

“Éramos sete irmãos, hoje só tenho ela. Queria muito dar um abraço, saber como ela está. É muita saudade”, conta o idoso.

Carlos Rodrigues

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