Em meio ao luto pelo crime bárbaro, que sequer permitiu uma despedida fúnebre como a maioria das famílias têm direito, as filhas de Vanessa Anízia da Silva de Carvalho, de 43 anos, relataram que a vítima vivia sob intenso controle psicológico, desmotivação e exploração financeira antes de ser assassinada.
O corpo de Vanessa foi localizado em uma bacia de contenção à margem de uma estrada rural, em Vera Cruz, encerrando dias de buscas e confirmando o desfecho trágico do caso que abalou Marília.
Thamirys Soares, uma das filhas, contou que a técnica de enfermagem teve a personalidade profundamente afetada ao longo do relacionamento com o motorista de aplicativo Alan Rodrigo Santana Corrêa, preso pelo crime.
Segundo ela, Vanessa, antes descrita como uma mulher forte e independente, passou a apresentar sinais de fragilidade emocional e física. “Minha mãe era [uma mulher] de cabeça erguida. Com o tempo, estava diferente, doente, tomando muitos remédios. Ele foi adoecendo minha mãe”, afirmou.
Isolamento social
De acordo com a família, o controle exercido pelo agressor incluía isolamento social e conflitos provocados com parentes próximos.
Thamirys relatou que Alan tentava afastar Vanessa da família, criando desentendimentos e disseminando mentiras. “Ele era possessivo, não gostava que ninguém falasse com ela, nem mesmo nós, as filhas. Manipulava tudo”, disse.
Além da violência psicológica, os familiares apontam que Vanessa também era explorada financeiramente. Em relato à polícia, a filha de 13 anos afirmou que as brigas eram frequentes por causa do dinheiro da mãe, que recebia uma pensão em razão de um acidente.
Já Thamirys, a filha mais velha, citou um episódio em que Vanessa quase perdeu a própria casa após confiar valores ao companheiro para o pagamento das parcelas do imóvel. Segundo o relato, o dinheiro não foi utilizado para esse fim, e os atrasos só foram descobertos quando a situação já era crítica.
Vulnerabilidade física
Os depoimentos também destacam que Vanessa estava em condição de vulnerabilidade física na época do crime. Ela se recuperava de um acidente que resultou em fratura no braço direito e tinha uma lesão no tendão de um dos dedos, o que limitava seus movimentos.
Mesmo assim, segundo o inquérito, o agressor alegou “ter se defendido” de supostos ataques durante uma discussão. A versão, para a família, não se sustenta diante do histórico de violência doméstica.
Alan já possuía antecedente criminal por violência doméstica, e Vanessa havia obtido medidas protetivas anteriormente. Segundo Thamirys, a separação ocorreu, mas, após insistência, os dois voltaram a conviver.
Apoio jurídico
Após a confirmação do feminicídio e da ocultação do corpo — com o início de um processo criminal que pode se estender por anos —, os familiares buscam apoio jurídico para acompanhar o caso e garantir que o histórico de abusos psicológicos e financeiros seja considerado pela Justiça.
“Tudo o que eu puder fazer para que ele responda por tudo o que fez e não volte à sociedade”, afirmou Thamirys. Ela busca orientação para obter assistência jurídica junto à Promotoria.
A família disse compreender a necessidade de sigilo no processo — procedimento padrão com o objetivo de proteger dados íntimos da vida conjugal —, mas teme que o caso caia no esquecimento ou que Vanessa passe a ser lembrada apenas como mais um número em processos judiciais.
“Minha mãe não volta, mas acho que outras mulheres podem ser salvas. Nós, mulheres, em algumas situações, podemos aceitar coisas que não precisamos. Minha mãe tinha a casa dela, tinha o dinheiro dela, tinha a vida dela. Ela não precisava disso (…)”, desabafou a jovem.
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