Polícia

Crise econômica favorece furto de fios em Marília

Cobre apreendido em ação do SIG para coibir furtos de fios (Foto: Arquivo)

Dados obtidos pelo Marília Notícia através da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram aumento dos casos de furtos de fios em Marília.

O levantamento aponta que, em 2019, foram registradas 135 ocorrências deste tipo. Em 2020, foram 110, número este que saltou para 276 em apenas nove meses de 2021 – de janeiro a setembro. Os dados foram fornecidos até 30 de setembro deste ano.

Entre 2019 e setembro de 2021 foram furtados 17,9 mil metros de cabos, ou seja, aproximadamente 18 quilômetros, o que daria para ir do Centro de Marília ao Centro de Vera Cruz.

Ao todo, há 521 registros de furtos de cabos entre 2019 e 2021, sendo que apenas um em 2020 é tentado – todos os outros são consumados.

O MN conversou com o delegado titular do Setor de Investigações Gerais (SIG), Cléber Pinha Alonso, responsável por investigar este tipo de crime, que aponta a crise causada pela Covid-19 como um dos motivos.

“A pandemia, com certeza, é um fator que contribuiu em muito para o aumento deste tipo de furto. A recessão, a crise econômica, sanitária são fatores para que aumente o índice de furtos. Nós trabalhamos tentando minimizar os prejuízos e a ação de criminosos”, afirma Cléber.

Cléber Pinha Alonso, delegado do SIG (Foto: Daniela Casale/Marília Notícia)

Normalmente, o furto é praticado por usuários de drogas, que vendem para sustentar o vício; com a facilidade de venda. Via de regra, o comerciante do setor de reciclagem adquire o produto furtado, fomentando cada vez mais a prática do crime.

O preço do cobre em alta oferece a facilidade necessária para recolocar o produto no mercado como reciclado, e dificulta o reconhecimento do produto furtado. Muitas vezes, a polícia sabe que o item é de origem ilícita, mas não consegue provar.

Os dados mostram também que a área rural concentra a maioria dos casos – 88 deles. Os bairros Alto Cafezal (55), Distrito Industrial Santo Barion (26) e Palmital (17) vêm na sequência.

Quanto ao tipo de local, a maior parte é em via pública (285), seguida de residências (107) e comércios (36).

“Com referência aos locais de incidência, se é bairro, se é rural, a única diferença que a gente percebe é que, na zona rural, os alvos normalmente são as redes públicas, as linhas de transmissão de energia propriamente falando, onde os cabos de alta tensão são levados”, afirma o delegado.

“No âmbito urbano, o que diferencia também não é a questão da região e sim a facilidade que eles encontram o alvo. Por exemplo, um prédio está em construção, está fechado, não tem vigilância ou está abandonado, fechado para locação. Eles encontram a facilidade em razão do imóvel estar desocupado”, completa.

PREVENÇÃO

De acordo com Cléber, os alvos tornam até difícil que seja feito algum tipo de prevenção por parte das vítimas, até porque muitas vezes o criminoso não está preocupado em ser identificado.

“Prevenção é um pouco complicada, principalmente para o proprietário de imóveis. Os alvos escolhidos quase em regra geral são aqueles que estão sem vigilância, aguardando finalização de obra, ou mesmo fechados, aguardando locação”, diz.

“Os criminosos querem pegar o material e ir embora, não estão preocupados com eventual identificação com câmeras. Isso ajuda muito para a gente, já chegamos em várias autorias por conta das imagens, mas eles não se preocupam muito. A ideia é furtar o cabo, levar, trocar por droga, vender em estabelecimentos comerciais no ramo de reciclagem, para depois comprar entorpecentes. É um problema muito sério. A gente – na medida do possível – vem desempenhando um papel bastante importante para que isso seja evitado”, explica.

Polícia durante recente ação de combate aos furtos de fios (Foto: Arquivo)

RECEPTAÇÃO

O SIG trabalha de forma proativa tentando identificar eventuais compradores destes materiais, como foi feito em ação recente, na Operação Ferro Velho, que recolheu mais de três toneladas de materiais.

“São os locais que recebem, compram, este tipo de produto e recolocam no mercado já como material reciclado. O cobre por exemplo, é todo queimado, derretido e volta para as indústrias. Essa ação recente tinha exatamente a intenção de inibir e coibir a prática de furto de fios no final da linha, tentando identificar os compradores. Já que a identificação dos autores se torna um pouco mais difícil”, explica o delegado.

Quem compra esses produtos furtados responde pelo crime de receptação.

“Em se tratando de atividade comercial, é um crime mais grave ainda, é uma receptação qualificada, a pena é aumentada, justamente para evitar que o comerciante se aventure na compra deste tipo de produto. Então é crime, responde, e às vezes até de uma forma mais grave que o próprio autor do furto”, finaliza o delegado.

Daniela Casale

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