Marília

Com dez mil descendentes, Marília celebra legado do Japão

Taikô: vibrante, cultura japonesa se manifesta através de inúmeras expressões artísticas (Foto: Divulgação/Nikkey Clube de Marília)

Da terra do sol nascente, para uma imensidão de oportunidades. Os brasileiros de ascendência japonesa celebram, neste dia 18 de junho, os 113 anos da Imigração no Brasil. Marília tem aproximadamente dez mil pessoas na comunidade nipo-brasileira.

Não se sabe ao certo quantos anos após o Kasato Maru atracar no porto de Santos – com 165 famílias – os primeiros imigrantes chegaram à região.

É certo, porém, que em 1929, quando Marília foi emancipada, eles já davam sua contribuição à economia local. Inicialmente, nos vastos cafezais. Depois, parte da mão de obra dos colonos migrou para as lavouras de algodão.

Família típica de imigrantes japoneses, em registro do Museu da Imigração do Estado de São Paulo (Foto: Divulgação/Museu da Imigração)

O médico e presidente do Conselho Fiscal do Nikkey Clube de Marília, Keniti Mizuno, conta que a influência cresceu junto com a cidade. O Japão e seus filhos entregaram a Marília médicos, políticos, esportistas, artistas, produtores rurais e grandes industriais.

“A colônia contribuiu muito para o desenvolvimento da nossa cidade. O trabalho tem um valor imenso na nossa cultura, e o japonês leva esse apreço onde vai. Desde cedo, é ensinado às crianças a importância de ter foco, disciplina, e buscar conhecimento”, diz o médico.

O acolhimento, afirma Keniti, favoreceu as duas nações. Por isso, o Brasil tem hoje o maior número de japoneses fora da terra Natal. As cidades que souberam valorizar essa interação colhem bons frutos.

Mariliense Tetsuo Okamoto desfila em carro aberto, homenageado como o primeiro medalhista olímpico do Brasil (Foto: Divulgação/COB)

“Marília é uma cidade dinâmica, moderna, que trabalha e valoriza sua gente. Tem muitos desafios, como todo o Brasil, mas é uma cidade diferenciada”, acredita o descendente.

Grandes indústrias, que foram fundadas por famílias nipo-brasileiras, estão entre as maiores empregadoras na região. A inovação, que está no DNA do povo japonês, rendeu a Marília e municípios vizinhos empresas líderes em seus segmentos.

Foi nas braçadas de um nissei, o mariliense Testuo Okamoto, que o Brasil ganhou sua primeira medalha em Jogos Olímpicos. O nadador conquistou um honroso terceiro lugar nas finais dos 1,5 mil metros livres, nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952.

Alegria de Okamoto no pódio evidencia o significado daquele terceiro lugar para o Brasil (Foto: Divulgação/COB)

Na política, a cidade contou com o carisma e hombridade do farmacêutico Hiderahu Okagawa, vereador da 6ª à 10ª legislatura da Câmara Municipal, de 1960 até 1983. Teve ainda o intelectual Diogo Nomura, advogado, dentista e cinco vezes deputado federal.

Na área da saúde, Marília foi escolhida por vários pioneiros, como o gastroenterologista Akira Nakadaira, que introduziu no Brasil a endoscopia, mestre de vários médicos na cidade e referência nacional na especialidade. Ele nasceu em Vera Cruz (distante 15 quilômetros de Marília).

A cidade símbolo de amor e liberdade também foi escolhida pelo médico Roberto Ryuiti Mizobuchi, que ajudou a escrever a história da ortopedia no Brasil, com trabalhos científicos destacados. “Ele fez um estágio na área de joelho e introduziu no país uma técnica que é usada até hoje”, conta o amigo, o ortopedista Keniti Mizuno.

Integrantes ilustres da colônia são homenageados na Câmara Municipal (Foto: Divulgação)

KANSHA

Nos 113 anos da Imigração Japonesa no Brasil, a palavra gratidão (Kansha) – que faz tanto sentido na cultura oriental – é a expressão que melhor define o sentimento de quem admira o estilo de vida nipônico.

“Capital da Alta Paulista, nossa cidade é industrializada, capital do alimento, temos cinco instituições de ensino superior, somos forte no setor de serviços. Os agronegócios estão caminhando muito bem, com tecnologia de ponta. Temos bom relacionamento com governo municipal, estadual e federal. Bom relacionamento com governo das cidades co-irmãs Izumisano e Higashi Hiroshima, no Japão”, destaca Keniti, que preside a Liga das Associações Nikkei da região.

Princesa Mako é recebida com festa em Marília, em 2018 (Foto: Prefeitura de Marília/Divulgação)

“Pós-pandemia, temos que nos reinventar, para continuar colhendo bons frutos destas parcerias. Em 2022, espero poder voltar às atividades no clube, realizar a [tradicional] Japan Fest”, cita o médico.

Aliás, nos seus eventos festivos, que fazem tanta falta, o mariliense tem uma amostra de como o respeito às tradições, ao passado, convive em harmonia com a diversidade, as luzes, as cores e as tecnologias.

Um século depois – chegada dos imigrantes a Marília – as contribuições da terra do sol nascente fazem da terra de oportunidades um lugar melhor para se viver o presente, onde é possível acreditar em dias melhores.

Prefeito visita cidade japonesa (Foto: Prefeitura de Marília/Divulgação)

Princesa em visita a Marília (Foto: Prefeitura de Marília/Divulgação)

Descendente com trajes típicos (Foto: Prefeitura de Marília/Divulgação)

Carlos Rodrigues

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