Como o camarão-louva-a-deus-palhaço dá o soco mais rápido do reino animal
No fundo dos oceanos tropicais, longe dos olhos humanos, vive um predador tão veloz que sua investida chega a evaporar a água ao redor. O camarão-louva-a-deus-palhaço não é apenas exótico por sua aparência multicolorida e olhos que se movem de forma independente. Ele é o responsável por um dos movimentos mais rápidos e violentos do reino animal: um soco capaz de quebrar conchas, estilhaçar vidro de aquário e gerar bolhas supersônicas. Mas como uma criatura tão pequena consegue tamanha façanha?
O termo “camarão” pode até enganar, porque esse animal não é exatamente um camarão como os que vemos no prato. Na verdade, pertence à ordem dos estomatópodes — um grupo de crustáceos marinhos conhecidos por seu comportamento agressivo e habilidades predatórias incomuns. Dentro dessa ordem, o Odontodactylus scyllarus, apelidado de camarão-louva-a-deus-palhaço, é o mais notório.
A chave do seu ataque está em suas “clavas” — apêndices semelhantes a porretes que funcionam como martelos. Esses membros são reforçados por uma estrutura composta de material biológico extremamente resistente, que age como mola e catapulta ao mesmo tempo. A energia é acumulada e liberada em milissegundos, com uma força proporcionalmente maior que a de uma bala calibre .22.
A velocidade do golpe desse crustáceo atinge até 80 km/h em menos de 1 milésimo de segundo. Isso é tão rápido que o impacto gera cavitação — um fenômeno físico em que a pressão é tão baixa que a água “ferva” momentaneamente, formando bolhas de vapor. Quando essas bolhas colapsam, liberam calor e luz em um pequeno clarão, além de uma segunda onda de impacto.
Ou seja: mesmo que o soco não acerte o alvo diretamente, o colapso das bolhas pode ser suficiente para matar ou atordoar a presa. Na prática, ele ataca duas vezes com um único golpe.
Comparado a um humano, o camarão-louva-a-deus mede cerca de 10 a 18 centímetros. Ainda assim, ele consegue quebrar a carapaça de caranguejos, abrir conchas de moluscos e perfurar pequenos peixes com um único golpe.
O segredo está na combinação entre biomecânica eficiente e estrutura mineralizada. Seu braço contém uma articulação especial em forma de sela que armazena energia elástica. A liberação dessa energia é parecida com o funcionamento de uma catapulta, potencializada por músculos que atuam como molas tensionadas.
Além de ser um lutador nato, o camarão-louva-a-deus-palhaço é dono de um dos sistemas visuais mais complexos do planeta. Seus olhos podem perceber luz polarizada, ultravioleta e 12 tipos diferentes de cores — enquanto nós, humanos, vemos apenas três. Cada olho se move de forma independente e é dividido em três regiões, permitindo que ele perceba profundidade com apenas um olho.
Esse tipo de visão é perfeito para detectar presas em fendas escuras, identificar predadores e até mesmo se comunicar com outros da espécie por meio de cores e padrões vibrantes.
Ao contrário de outros predadores marinhos que atacam com velocidade de nado ou armadilhas, o camarão-louva-a-deus-palhaço age com precisão cirúrgica e paciência meticulosa. Ele espreita a presa e, no momento exato, desfere seu soco mortal. Em aquários, já foram registrados casos de estomatópodes quebrando termômetros de vidro e até paredes de acrílico — o que levou muitos aquaristas a manter essas criaturas em tanques especialmente reforçados.
Em regiões onde o animal pode ser capturado acidentalmente por pescadores, não são raros os casos de dedos quebrados ou ferimentos profundos em mãos humanas. Seu golpe é tão forte que atravessa luvas e equipamentos de mergulho. Embora não ataque sem provocação, ele reage com extrema agressividade quando se sente ameaçado.
Pesquisadores da área de engenharia de materiais vêm estudando o camarão-louva-a-deus-palhaço para desenvolver novos compostos ultra-resistentes, inspirados em sua estrutura óssea. A clava do estomatópode tem uma organização helicoidal de fibras que dissipa impacto de forma eficiente — uma ideia que pode ser aplicada em capacetes, coletes à prova de balas e até em estruturas de veículos espaciais.
Mesmo com aparência “fofa” para alguns — por causa das cores vivas e tamanho pequeno —, o camarão-louva-a-deus-palhaço é uma verdadeira aberração da natureza em termos de desempenho. Sua combinação de força, velocidade, precisão e visão faz dele um dos mais impressionantes exemplos de evolução funcional do planeta.
Em tempos em que muitas espécies marinhas sofrem com sobrepesca e destruição de habitat, entender criaturas como essa não é apenas uma curiosidade. É uma forma de reconhecer que, mesmo nos menores organismos, há lições poderosas sobre adaptação, engenharia e respeito ao equilíbrio dos ecossistemas.
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