Marília

Busca por remédio de diabetes para perder peso desabastece farmácias de Marília

Procura por Ozempic é grande em farmácias de Marília (Foto: Divulgação)

Os marilienses que utilizam o Ozempic para o tratamento de diabetes tipo 2 estão com dificuldade de encontrar o medicamento nas farmácias da cidade. O fármaco vem sendo usado de forma desenfreada por pessoas que não têm a doença, mas buscam a perda de peso. A redução nas medidas pode até acontecer, mas em alguns casos o preço cobrado pela saúde das pessoas é alto e não compensa a melhora estética.

Nas redes sociais é possível encontrar relatos de pacientes com pancreatite, inflamação grave do pâncreas que demanda atendimento imediato. Náuseas e vômitos persistentes, além de dor de barriga intensa, estão entre os sintomas de quem precisou ser hospitalizado em decorrência do uso do Ozempic sem necessidade.

Apesar disso, a procura pelo medicamento é muito grande em Marília. Atualmente, várias farmácias não contam com o produto para pronta entrega.

Pedro Henrique Gomes, gerente de uma unidade, explica que o Ozempic é um dos medicamentos mais vendidos atualmente. Em média são vendidas cinco ampolas por mês em apenas uma farmácia da rede.

E o preço não é nada módico. Em pesquisa da reportagem, uma ampola com a dosagem de 1 mg custa em média R$ 1.017,00. Já a metade da dose, de 0,5 mg, sai por R$ 774,00.

Gomes explica que isso acontece também nas demais unidades. “Uma ampola vem com seis doses para um mês e meio de tratamento. Pouquíssimas pessoas procuram o Ozempic para diabetes. A maioria é para emagrecer mesmo. As pessoas ligam aqui perguntando se temos e, quando chega, correm para buscar, pois a procura é grande”, conta.

De acordo com a bula, o Ozempic é indicado para pacientes de diabetes tipo 2. Médicos também recomendam o remédio para o tratamento da obesidade em pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 ou sobrepeso (IMC acima de 27 associado a comorbidades). O fármaco não deve ser usado por crianças ou adolescentes com menos de 18 anos.

Especialistas explicam que a substância não é para aqueles que desejam perder poucos quilos ou por questões estéticas. Trata-se de um medicamento e, portanto, só é indicada para pacientes que precisam fazer controle do peso por força de saúde.

Médico Sérgio Nechar Júnior explica que medicamento precisa ser prescrito por um médico para evitar problemas no paciente (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo o médico endocrinologista Sérgio Nechar Junior, como qualquer medicamento, o Ozempic deve ser prescrito por um médico, já que os efeitos colaterais podem retardar o esvaziamento gástrico, e por consequência agravar condições gastrointestinais como o refluxo gastroesofágico.

“É um medicamento com indicação para tratamento de diabetes tipo 2. Atualmente, o Ozempic tem sido usado off label (uso de drogas farmacêuticas que não seguem as indicações homologadas para aquele fármaco) para tratamento da obesidade. A dose aprovada para esse fim é de 2.4 mg (Wegovy), que não temos ainda no Brasil”, explica o endocrinologista.

A farmacêutica Novo Nordisk, responsável pela fórmula, afirma que “não é possível rastrear a finalidade de uso do produto pelo paciente”. Outro problema atrelado à “caneta emagrecedora” é o uso sem acompanhamento médico por pessoas sem sobrepeso ou obesidade, o que traz riscos.

O médico revela que existem contraindicações para pacientes com câncer de tireoide, no caso específico do carcinoma medular de tireoide, síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 e refluxo gastroesofágico grave.

“Não orientamos nenhum paciente a se automedicar. É preciso procurar sempre um endocrinologista para verificar se tem indicação ao tratamento”, conclui o especialista.

Alcyr Netto

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