Representantes de 36 empresas brasileiras foram a Joanesburgo na semana passada como parte de uma missão da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para tentar recuperar espaço comercial no continente africano, região que tem visto o avanço de empresários turcos, indianos e chineses.
O continente é hoje o quarto principal destino das exportações brasileiras, concentrada em commodities (alimentos e bebidas, minério de ferro e óleos combustíveis de petróleo). Dos 54 países africanos, os principais compradores de produtos brasileiros em 2023 foram: Argélia (17,9%), Egito (17,6%), África do Sul (12,4%), Marrocos (9,4%) e Nigéria (7,4%).
Em 2023, as exportações brasileiras para África chegaram a quase US$ 13,2 bilhões, uma leve alta em relação aos US$ 12,7 bilhões do ano anterior. Mas dados da balança comercial mostram que o Brasil começou a se afastar do continente africano em 2015.
Em um esforço de reverter o cenário, a ApexBrasil publicou só neste ano quatro estudos nos quais identificou mais de 6.000 oportunidades na África.
“O continente africano tem o segundo maior número de oportunidades de negócios para as exportações brasileiras. Só perde para a América do Sul”, disse a diretora de negócios da agência, Ana Repezza.
A maioria das empresas é de pequeno (17) e médio porte (12) e nunca havia feito negócio com africanos.
São de setores como alimentos e bebidas, cosméticos, baby care, utilidades domésticas, casa e construção e máquinas e equipamentos.
Quatro delas são do Rio de Grande do Sul e, por causa da tragédia que atingiu o estado, foram isentas da taxa de US$ 200 (cerca de R$ 1.050) para participação.
“O objetivo desse encontro foi justamente entender que África é essa da qual a gente teve afastado durante tanto tempo e quais são as necessidades do continente nesse novo contexto em que ele se encontra”, diz Ana.
Das empresas que cruzaram o Atlântico na semana passada, 19 participaram da 21ª edição da Africa’s Big 7, uma das maiores feiras de alimentos e bebidas do continente. Os negócios fechados em três dias somam US$ 596 mil, mas há a expectativa de que, nos próximos 12 meses, os contatos feitos rendam mais US$ 1,7 milhão (R$ 9,1 milhões) em vendas.
A maior parte do grupo também participou do Brasil Africa Solutions (BAS), que, na quinta-feira (13), organizou 230 reuniões de negócios em um hotel com 64 importadores de quatro países: Moçambique (3), Tanzânia (3), Angola (2) e África do Sul (56).
A sexta-feira (14) foi dedicada a visitas a grandes compradores locais.
O sul-africano Marthinus van der Westhuizen, por exemplo, importa a cada três meses 16 toneladas de castanha do pará.
“O prazo de entrega é muito mais rápido, três semanas, em comparação com a Bolívia, que demora seis semanas”, disse, justificando a preferência pelo carregamento brasileiro. Marthinus afirmou à reportagem que sua empresa já registrou um crescimento de 30% em relação ao ano passado.
“Com isso, vamos, sim, precisar importar mais. Estou em busca de novos fornecedores no Brasil, até mesmo para a gente comprar outros produtos, como castanha de caju, chia, quinoa e gergelim”, afirmou.
Isso entusiasmou a empresária brasileira Tatiana Reis. “Saio daqui com a missão de fazer os negócios acontecerem”, disse. Ela trabalha no ramo há 20 anos, mas abriu a própria empresa oito anos atrás, e representa produtores brasileiros em eventos e feiras internacionais.
“Desde o começo do ano temos tido procura de empresas africanas por alguns produtos que fornecemos. Entendemos que vir para cá neste momento seria uma abertura”, disse.
A estratégia de retomada da presença do Brasil na África foi feita com apoio de embaixadas brasileiras e agências de promoção locais.
A ApexBrasil vai organizar ainda este ano delegações para feiras em Angola e Moçambique, além de, em parceria com o ministério das Relações Exteriores, missões para Namíbia, Botsuana e Tanzânia.
O presidente do Instituto Brasil-África (Ibraf), João Bosco Monte, afirmou que a iniciativa é importante e ajuda na recuperação do espaço que o Brasil perdeu e precisa recuperar no contexto africano, mas destaca que essas iniciativas precisam ser longevas.
“Não adianta apenas levar empresas se não tiver uma estratégia de médio e longo prazo, principalmente quando falamos de empresas de pequeno porte, que têm um fôlego financeiro muito pequeno. É importante ter em mente uma equação que envolva diversos aspectos, como logística, linhas de financiamento para exportação e para produção e também o acompanhamento com parceiros locais. De um modo geral, ações como essa só se materializam de forma eficiente se tiver uma estratégia não apenas governamental mas também com as empresas”, disse.
O Ibraf marcou para outubro, em São Paulo, a 12ª edição do Fórum Brasil África, que reúne anualmente cerca de 500 pessoas, incluindo representantes de governos, ONGs, instituições financeiras e de fomento e do setor privado dos dois lados do Atlântico.
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POR VINICIUS ASSIS
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