Amar seu pet como um filho faz bem
Você trata seu cachorro como filho? Chama seu gato de bebê? Serve a comida com todo um ritual de carinho? Esse comportamento, que já foi visto com certo estranhamento, hoje é cada vez mais comum — e a psicologia tem muito a dizer sobre o impacto emocional desse tipo de vínculo entre humanos e animais. Entender onde começa o afeto saudável e onde ele pode se tornar um substituto emocional é o que diferencia uma relação nutritiva de uma dependência afetiva disfarçada.
Adotar o pet como um membro da família e tratá-lo com os mesmos cuidados de uma criança pode ser um reflexo direto do papel afetivo que ele ocupa. Segundo psicólogos, esse fenômeno ganhou força com a urbanização, a queda da taxa de natalidade e o aumento de pessoas que vivem sozinhas ou em casais sem filhos. O pet acaba sendo a figura que preenche lacunas de afeto e rotina — um “filho simbólico”.
Essa projeção não é necessariamente negativa. Muitos tutores relatam que cuidar do animal como um filho os ajudou a desenvolver mais empatia, responsabilidade e até a manter uma rotina emocional mais estável. No entanto, o limite começa a ficar tênue quando o tutor deixa de reconhecer as necessidades reais do animal em função de uma idealização humana.
Não é exagero afirmar que os pets têm o poder de melhorar a saúde mental. Estudos mostram que a convivência com animais reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse), combate a solidão e pode até amenizar quadros de depressão e ansiedade. Quando o vínculo é forte a ponto de ser considerado como entre “pai e filho”, esses benefícios se potencializam.
Além disso, o pet se torna um parceiro afetivo que escuta sem julgar, que está sempre presente e que não exige explicações. Para pessoas que enfrentam lutos, separações ou mudanças bruscas de vida, esse laço pode ser um apoio essencial na reconstrução da autoestima.
Apesar dos aspectos positivos, a psicologia alerta para os perigos de transformar o pet em substituto emocional. Quando o tutor começa a projetar no animal expectativas humanas — como esperar obediência, lealdade ou afeto incondicional —, o pet pode ser pressionado a se comportar de forma que não condiz com sua natureza.
É comum, por exemplo, o tutor interpretar a independência de um gato como rejeição ou o comportamento destrutivo de um cachorro como ingratidão. Esses sentimentos, embora reais para quem sente, não correspondem ao mundo emocional do animal. O perigo é que o pet se torne um espelho de carências humanas, e não um companheiro com suas próprias necessidades.
O excesso de cuidados, como vesti-lo diariamente, oferecer comida fora da dieta recomendada ou privá-lo do convívio com outros animais por ciúmes, são atitudes que podem prejudicar o bem-estar do pet — mesmo quando motivadas por amor. O cuidado deve ser equilibrado: carinho não pode anular o instinto do animal.
Psicólogos recomendam observar se o pet está sendo estimulado fisicamente, socializando e mantendo comportamentos naturais da espécie. Um cachorro que não passeia, um gato que nunca sobe em prateleiras ou um coelho que não tem espaço para se esconder estão sendo “infantilizados” de forma prejudicial.
A chave está no respeito mútuo. Tratar o pet com afeto é fundamental, mas isso deve vir acompanhado de compreensão sobre seus limites e necessidades específicas. Amar como filho é válido, desde que isso não sufoque a identidade animal dele.
Você pode sim comemorar o aniversário do seu pet, dormir com ele, conversar, dar apelidos carinhosos e sentir saudade quando ele não está por perto. O ponto é não projetar no animal responsabilidades afetivas que são humanas: seu pet não tem obrigação de ser sua válvula de escape, sua companhia eterna ou seu apoio emocional 24 horas por dia.
Valorize esse vínculo por aquilo que ele é: uma conexão poderosa, baseada na convivência, no afeto e na lealdade, mas também na liberdade. Seu pet vai te amar muito mais se ele puder ser, antes de tudo, ele mesmo.
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