“Quem roubou foi sua mãe!”, diz Herval para manifestante
“Quem roubou foi sua mãe!”. Essa foi a resposta do presidente da Câmara Municipal, Herval Rosa Seabra (PSB), a um manifestante que o acusava de ser corrupto, durante a sessão ordinária desta segunda-feira (10) em Marília.
Após um discurso do vereador Cícero do Ceasa (PT) contra a administração de Vinicius Camarinha (PSB), os presentes nas galerias da Câmara aplaudiram e se manifestaram gritando palavras de ordem.
Irritado, o presidente da Câmara pediu silêncio e ouviu as frases ‘Herval roubou’ e ‘Herval ladrão’. Seabra não titubeou e respondeu no microfone: “Quem roubou foi sua mãe!”.
Herval foi condenado recentemente à pena de oito anos, dez meses e vinte dias de reclusão em regime fechado, a serem cumpridos em penitenciária, por desvios de dinheiro público. Ele recorre da decisão em liberdade.
O protesto foi organizado mais uma vez por membros de um partido político de esquerda, mas somente uma parte dos manifestantes entrou na casa legislativa.
Do lado de fora, um homem identificado apenas como ‘Hélio’ e que supostamente seria ligado a alguns vereadores da situação, intimidou e chegou a agredir uma mulher. Ele tentava impedir a entrada dos populares na Câmara. A Polícia Militar foi acionada e possivelmente a vítima irá registrar um boletim de ocorrência sobre o fato. A situação foi controlada minutos depois do problema começar.
Entenda o caso de Herval Rosa Seabra
O Ministério Público do Estado de São Paulo obteve a condenação de Herval Rosa Seabra à pena de 8 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicial fechado, por desvio de verba pública. Na mesma ação foi condenado o ex-Diretor-Geral da Câmara Toshitomo Egashira, cuja pena aplicada foi de 5 anos e 11 meses de reclusão.
De acordo com a denúncia (acusação formal) apresentada à Justiça pelo MP, durante sua gestão como Presidente da Câmara de Vereadores de Marília, no biênio 2001-2002, Herval Seabra e o então Diretor do Legislativo desviaram R$ 4,8 milhões dos cofres públicos, visando ao financiamento de campanhas eleitorais e ao pagamento de despesas particulares.
Somente no ano de 2001, os dois emitiram 137 cheques da Câmara com valores superiores aos contabilizados nos registros da Câmara e sem vínculos com pagamentos registrados. A grande quantia desviada da Câmara, naquele biênio, fez com que o Legislativo ficasse sem verbas para o pagamento de algumas obrigações financeiras.
No total, foram emitidos 309 cheques sem correspondência à prévia despesa pública ou em valor superior às despesas, totalizando R$ 4,8 milhões, dos quais apenas R$ 1,7 milhão foi reposto pela dupla depois que rombo foi descoberto.
Os desvios foram comprovados por perícia contábil, depoimentos de testemunhas e pela confissão de Toshitomo Egashira, que relatou o esquema em acordo de delação premiada. O ex-Diretor-Geral afirmou que agia sob as ordens do então Presidente da Câmara e que Seabra se valia do dinheiro desviado para o financiamento de campanhas eleitorais, e pagamentos de despesas pessoais, da família e de aliados políticos.
Herval Seabra terá de cumprir a pena em regime inicial fechado. Toshitomo, beneficiado pelo instituto da delação premiada, terá a pena cumprida inicialmente em regime semiaberto. Ambos foram condenados, ainda, à perda do cargo público, e ao pagamento de multa fixada em 8.034 dias-multa, no caso do ex-Presidente, e em 5.256 dias-multa no caso do ex-Diretor-Geral da Câmara.