O papel dos zoológicos na atualidade
Olá prezados leitores!
Na última semana de maio, o gorila Harambe de 17 anos foi morto no Zoológico de Cincinnati (Estados Unidos) após uma criança de 4 anos cair em seu recinto.
Muitas pessoas e defensores dos animais ficaram revoltados com a atitude dos funcionários do zoológico (assim como eu!), pois em momento algum o gorila demonstrou comportamento agressivo.
O fato gerou críticas no mundo todo e muitas pessoas se posicionaram contra os zoológicos e seus profissionais. Acredito que a maioria da população não entende qual é o verdadeiro papel dos zoológicos atualmente, por isso resolvi escrever sobre o tema.
O homem mantém animais selvagens em cativeiro há milhares de anos. A primeira coleção foi dos egípcios há mais de 4.000 anos. Os imperadores chineses, astecas e faraós egípcios também tinham o hábito de colecionar animais selvagens e exóticos para diversão.
Os primeiros zoológicos tiveram início como coleções particulares de reis e famílias nobres da Europa, como o Zoológico de Viena (1752), de Paris em 1793 e Londres em 1826.
A finalidade dos zoológicos era demonstrar status, poder, riqueza e autoridade de seus proprietários. Os nobres e ricos exibiam leões para impressionar seus convidados e proporcionar-lhes diversão. Quanto mais feroz e quanto maior a dificuldade de ser capturado, mais orgulho e prestígio obtinha quem o exibia.
Há menos de 60 anos, existiam zoológicos na Europa e nos Estados Unidos onde negros, índios, pessoas com deficiências físicas e mentais e asiáticos que eram diferentes do estilo de vida europeu ou americano eram consideradas aberrações e serviam para divertir a elite branca.
Além das exposições, essas pessoas também sofriam com experimentos e testes médicos. Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas assistiram a apresentações étnicas ou visitaram zoológicos humanos.
A preocupação com o bem estar animal e a extinção de espécies na natureza não existiam, por isso os animais realmente sofriam porque eram confinados em jaulas e muitas vezes eram vítimas de maus tratos.
Os zoológicos têm uma proposta de caráter educativo, de conservação, pesquisa e do lazer educativo. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, nenhum zoológico captura animais selvagens da natureza para serem mantidos em recintos e serem exibidos.
Atualmente, tanto os zoológicos quanto os aquários realizam ações de conservação, desenvolvendo pesquisas para ampliar o conhecimento da fauna selvagem.
Apesar das críticas, a manutenção de algumas espécies em cativeiro é a única solução para tentar promover a recuperação de populações em extinção ou já extintas.
Temos como exemplo de sucesso o programa de recuperação do mico-leão-dourado no Brasil. A ararinha-azul, espécie que teve sua população dizimada principalmente devido ao tráfico, conseguiu ser reproduzida e cativeiro em 2014.
Outros exemplos são o urso panda, algumas espécies de chimpanzés e lobos, que já estiveram em perigo iminente de extinção, foram levados para zoológicos, conseguiram se reproduzir e voltaram à vida livre. Apesar de ser triste ver um animal preso, principalmente um animal selvagem, infelizmente essa é a única opção para algumas espécies atualmente.
O tráfico de animais selvagens é um grande problema no mundo e vem contribuindo para o extermínio de populações de animais silvestres em alguns locais.
Pessoas que compram animais silvestres de origem ilegal para criar como pet precisam se conscientizar de que estão contribuindo para que mais animais sejam retirados da natureza para alimentar essa atividade. A maioria desses animais morrem antes de chegar ao destino, pois são vítimas de maus tratos e uma grande quantidade que acaba sendo apreendida não consegue mais viver na natureza e precisa ser encaminhada a zoológicos.
Portanto, comprando animais silvestres de origem ilegal, você estará sendo responsável pela morte e pela vida de muitos animais silvestres em cativeiro.
O desmatamento, as mudanças climáticas e a poluição também são fatores que contribuem para a extinção de diversas espécies, que são incapazes de se adaptarem. Por isso, a tendência é que diversas espécies de animais selvagens terão o cativeiro como única alternativa de sobrevivência.
A manutenção de animais selvagens em cativeiro é um grande desafio para os profissionais que atuam nessa área, pois há uma grande dificuldade em atender todas as necessidades das diferentes espécies.
Por isso, as ações desenvolvidas pelos zoológicos envolvem diversas atividades que visam manter a saúde dos animais e priorizam seu bem estar
É necessário esclarecer que atualmente os zoológicos atuam de várias formas na conservação das espécies, desenvolvendo pesquisas em parceria com instituições de pesquisas e universidades, participam da soltura de animais e também realizam atividades em educação ambiental, proporcionando o contato da população com animais selvagens e fornecendo conhecimento sobre a fauna silvestre.